Com a maquiagem carregada, os cabelos pretos recém-alisados, de calça jeans justa e a blusa preta diáfana, que permitia entrever o sutiã preto, Givanilda parecia pronta para impressionar.
Mas era a bolsa Louis Vuitton falsificada que ela demonstrava a sua luta em ser elegante e de bom gosto. Mas aquilo era tudo que podia com o salário de auxiliar de enfermagem.
Sentada num dos bancos do metrô, espremida entre duas falsas ruivas verborrágicas, Givanilda checava ansiosamente o celular a toda hora em busca de uma mensagem. O tagarelar caótico das moças Wellaton parecia ampliar essa ansiedade.
O foco no celular era tão grande que acabou por perder a estação. Quando percebeu, fez cara de quem acordava de um pesadelo. Afobada levantou-se e desceu na primeira estação que veio.
Sempre com o olho no celular, correu para tomar o trem de volta. Mas aquela estação não oferecia retorno. Ou saía e pagava outro bilhete para voltar. Ou pegava o trem do lado que estava e fazia o retorno na próxima estação. Isso tomaria mais de um tempo que ela parecia não ter.
As duas ruivas, que também desceram na mesma estação, puxavam suas malas com rodinhas e continuavam a tagarelar. Pareciam rir de Givanilda que tropeçou e quebrou o salto da bota de cano alto que usava. Apesar do desespero, segurou o choro para não estragar a produção.
Quando tocou o celular, assustou-se deixando cair o telefone de suas mãos. O aparelhou quicou até parar entre os trilhos do metrô.
Entrou em pânico e toda a sua elegância suburbana acabou desaparecendo quando Givanilda caiu de joelhos e começou a chorar.
E entre os trilhos o celular continuou a tocar até o barulho do trem abafar o som que tocava "I just call to say I love you..."
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