"Do fundo do estômago, o medo sobe até a cabeça estraçalhando cada idéia, impossibilitando um pensamento conexo e ideal..."
sábado, 28 de dezembro de 2013
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
In fruta essência
Gruda n'alma,
Os frutos.
Impregna a existência,
O cheiro.
Adoça a vida,
O gosto.
Afinal é a jaca
Ou é o amor?
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
domingo, 22 de dezembro de 2013
O polvo e a rosa
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Cabeça de vento
Dinheiro no bolso,
Mal não fazem.
A cautela penhorei.
A canja derramei.
E o bolso furou.
Sobrou, pelo menos,
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Esbairro
domingo, 8 de dezembro de 2013
Inclusive
domingo, 1 de dezembro de 2013
Boniteza
Muita pretensão a sua achar que todos meus poemas falam de você.
Só os mais bonitos.
Cagada de passarim
"U quê?"
"Ah! Tenho cá minhas mágoa, sim! A vida nos prega cada uma, tarquar uma cagada de passarim. Nunca que sabemo di onde que vem e quando que vem, mas quando vem suja tudo, né memo?"
"Quê?"
"Sô casado não. Tive casado por argum tempo, num deu certo. E ela si foi. A despois me amasiei com a mãe da minha pequena, mai num deu certo também não."
"Sim, sô sozinho. Mai é mió levá a vida ansim que arranjá pioio pra catá."
"Tem dessas coisa por aqui não. Essas coisa moderna de computadô num é pra mim não."
"De nada, fique a vontade, tem café no fogão. E água na taia."
"O siô mi dá licença qui vô até ali um cadinho e já vorto. Se tivé fome, tem pão na mesa e um pedaço de carne seca amarrado perto da porta."
"Inté!"
Ensurdecedoramente
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
Cemitério de ossos
Vão-se as doenças
(da alma e do corpo),
as dores
(da matéria e do espírito),
os corações
(paridos e partidos),
as verdades
(absolutas e irresolutas).
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
domingo, 10 de novembro de 2013
Alvorecer da infância
Sub-versões
Perder-se em pensamentos fúteis e inúteis durante o banho.
Esperar por ela na plataforma.
Resistir ao cansaço e à tristeza.
Fazer um tour pelo centro da cidade.
Esquecer o celular.
Criar histórias com as pessoas que esbarro.
Transar feito doido a qualquer hora do dia.
Dormir abraçado com ela.
Apaziguar o coração e a mente.
Y no perder la ternura jamás.
sábado, 2 de novembro de 2013
Desenredo
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Linda, não?
vi acontecer várias vezes.
virá novamente o flerte descompromissado de alguém comprometido
E poemas e músicas, o farão sentir-se único.
e assim, você baixará a guarda.
neste instante se sentirá preenchido
mas verá quanta ausência o tempo lhe trará.
verá inseguro,
verá a necessidade de acreditar
e ao atravessar a vida
procurará uma mão que não encontrará...
das preocupações maiores com sentimento outrem,
o sentimento do compromisso que se desvencilha.
você, com medo, sonhará alegria,
não haverão contas, mas d(ú/í)vidas.
verá fugir da exposição,
esconder-se das fotos,
e lhe cobrará presença excluisva ainda que não sendo seu.
nesse anseio de afirmação amará,
você amará as palavras e sorrisos, plenos ou ocos.
dolorido, será o algoz e a vítima,
ou simulando uma autoafirmação que não existe.
seu ego minguará no amor não aceito.
quando tudo isso acontecer, ambos destruídos,
virá a maré de paz.
ainda que capenga lhe perdoará os descompromissos
e demandará um maior.
mas perceberá que o amor sonhado
era brinquedo ofertado
mimo alterado
uma lembrança de uma linda lua crescente
que irá embora na manhã seguinte.
Culp(ha)bilidade
domingo, 27 de outubro de 2013
Abandono
De um momento,
Uma existência desnecessária para os outros.
Largada ali
Recurso inútil,
Brinquedo esquecido,
Móvel velho.
Então recolhe
E olha
Não há outro lugar
a não ser para si.
Cheio de plantas ruderais, ratos, moscas, madeira e móveis velhos, cacos de garrafas de vidros.
Todos abandonados como o terreno baldio da sua existência.
Inter(dito)
terça-feira, 22 de outubro de 2013
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Erros dramaticais
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
(in)somne
Por que são intermináveis as noites que nos incomodam, nos açoitam, nos machucam enquanto boas noites de prazer, felicidade e gozo duram o tempo de orgasmos?
terça-feira, 8 de outubro de 2013
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Amanda’s blue eyes’ blues
Ela me dizia,
Não era feliz,
Não estava satisfeita.
Oh! Amanda,
Não se incomode.
A vida é incompleta,
Não se preocupe em terminar,
O que mal começou.
E olhando pro azul,
Eu a ouvia,
Que como a outra,
Não completava nada.
Oh! Amanda,
Não se incomode.
A vida é incompleta,
Não se preocupe em terminar,
O que mal começou.
Eu disse pra ela:
Não, não, nada disso.
Pois o que importa não é o fim,
Mas tudo que viveu até lá.
Oh! Girl,
Não me incomode.
Deixe a vida incompleta,
Ofusque a tolice alheia,
Com os olhos azuis de Amanda.
A menina de pijama de flanela
Dormia eu ao lado dela
Dormia o pijama de flanela
No escuro e no frio
O laranja da lareira.
A única luz que era.
O silêncio instaurado
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
A nascente dos meus olhos
Bom, volta e meia me acontece isso. E motivos não me faltam.
É, motivos até sobram.
Por um amigo que se cura, por um sobrinho que vence seus limites, por uma filha quando disposta no saguão de um aeroporto, por uma mãe idosa que se supera, por carinho das irmãs ou por uma lembrança boa do pai.
Mas o que eu queria com isso mesmo??
Não lembro. Talvez relatar que choro, seja por precisão ou por necessidade. Por tristeza ou felicidade. Por ódio ou por amor.
E não me envergonho.
O maior dos maiores
A promessa de um futuro foi o maior.
Não precisa ter inventado sonhos,
Não era necessário fantasiar projetos.
De todo mal que me fez
A promessa de felicidade foi o maior.
Não precisava ter me escondido,
Não precisava ter me humilhado.
De todo mal que me fez
Mentir que me amava foi o maior dos maiores.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Dia do caruru
Do enfeitado ao popular,
De constelações, dois gêmeos,
Duas iluminações,
Acarinhando com doces,
Doces corações.
arte de Ronaldo Mendes,
Acesso em 27 set. 2013.
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quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Resposta aos fragmentos
Vida, como dizem, existe só uma...mas eu sozinho já vivi várias por mais de 200 anos.
De concreto nada tenho, procuro me achar profissionalmente num mercado que acha meu currículo genial mas não está disposto a pagar o que va(e)lho. Procuro me achar sentimentalmente depois de um mundo que criei e descobri que a pessoa que amei nasceu para destruir pois é da sua natureza...
Tantos Mis para poucos Sóis.
Da grande à pequena morte
domingo, 22 de setembro de 2013
Pigmaleão revisited
À menina das sapatilhas amarelas
quanto desejo,
quando passa e penso nas pequenas sapatilhas amarelas.
de difícil não desejo o sorriso
de difícil é ficar perto (dela)
sem estar difícil não estar interessado (nela)
um sorricharme de boca
como a dela
de borboleta,
amarela.
acender o olhar (n/d)ela
é igual olhar pela jan(ela
E a)cor(d)ela
(a)cor(dar).
com a menina de sapatilhas amarelas.
À menina que lia
lia cummings
lia Foucault
lia Rosa
lia Tolstói
Mas o amor não pareceu se importar
Com o tempo que troteava...
não escutava
o grito de Abelardo
nem o canto do Eduardo
que dizia à menina que lia:
"—dreads dying least;and less,that death should end"
Ré/viéses
Quando o que se cria o mais doce se revelou o mais cruel.
Quando o que se acreditava mais delicado mostrou a verdade em uma bofetada.
A beleza, o amor e a delicadeza se transformaram em más águas e em uma tempestade morreu de cansaço.
Vampiros
A comer seu cérebro
Não é permitido ter coração
Pois a alma reside no corpo,
A alma resiste no corpo,
E por mais sangue que lhe tirem
Não lhe tirarão a alma.
sábado, 21 de setembro de 2013
U amô
(En)lutar
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Destreza
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Vida
Quilômetros ou milímetros.
Que quando o tempo avisa
E tudo menos se espera
Uma parca corta e decide quando acaba.
Aos meus do meu sangue que vieram, fizeram e já foram...
terça-feira, 17 de setembro de 2013
W.O.
Déjà vu
Perversidade
Perversidade
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Cansaço
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
domingo, 25 de agosto de 2013
Asmodeus - Luxúria
Belzebu - Gula
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Sussurros
Se você soubesse.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Saque
Inamorado
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
quarta-feira, 31 de julho de 2013
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Mattina II
De fogo,
De novo,
Me embriago
Com o sol que me amanhece.
A partir do poema Mattina de Giuseppe Ungaretti
terça-feira, 23 de julho de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Frio
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Sincronismos
amores assíncronos
precisam de viveres descronizados
para que os sonhares sejam atemporais.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Te amo tanto, mulher!!!
terça-feira, 9 de julho de 2013
Escancarada
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Crux
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Bumengala
terça-feira, 18 de junho de 2013
Alguns lugares...
sábado, 15 de junho de 2013
Bonita
00:30
terça-feira, 11 de junho de 2013
Da cura, a partir de música de Jorge Drexler
domingo, 9 de junho de 2013
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Certeira
Daqueles que domina o corpo e a mente.
Cansaço da vida.
Acordar logo cedo na cama de colchão de espuma,
Correr ordenhar a vaca pra tirar um mijo de leite.
Depois tomar com café e cavaca de uma semana.
O milho nem rendia mais nem pra vaca comer.
Olhava praquele pedaço de chão vazio de gente e de animal.
Era ele e a vaca.O bezerro morrera atacado por cobra.
O cachorro de calazar
As galinhas e o galo ele comeu.
Só restava o cerrado e uma plantação mirrada de milho e mandioca.
Ah! De companhia ele tinha a Certeira, cartucheira que não tirava do ombro quando embrenhava no mato.
Proteção e companhia.
Era isso que ela lhe dava.
Era uma cartucheira que ganhara do seu pai.
Seu Joãozinho, seu pai garantia que ela já tinha posto pra correr de Prestes a Virgulino.
Com ela conseguira muito de comer e deu muito de comer a Dalva e seus dois filhos, Cinira e Naércio.
Mas todos eles já se foram e a falta deles só fazia aumentar o cansaço.
Dalva morreu de uma bicheira que pegou bebendo água de poça de seca. Era nova ainda e as crianças tudo bebê. Viu os olhos castanhos dela avermelhar e até correr lágrima de sangue. Dalva suou sangue 3 dias depois morreu.Ficara sozinho ele com os dois barrigudinhos.
Cinira com 10 e Naércio com 7 anos de idade.
Tentou de um tudo pra educar as crianças mas sem a mãe, Francisco conseguia pouco. Dalva ao menos sabia ler e escrever. Ele só sabia de roça e gado. Nada de criança.
Quando lembra disso, Francisco que era Francisco por conta do santo, sente o cansaço.
Mas num era devoto de santo algum.
Nem de Deus.
Dizia sempre pra quem quisesse ouvir que se Deus fosse pai verdadeiro não deixava filho sofrer e nem morrer na cruz.
Maldizia o deus que lhe tirara a mulher e os filho.
Aos quatorze, Cinira, talvez cansada também foi embora pra cidade grande trabalhar em casa de família. A última notícia que tivera dela é que virara moça-donzela num bar de má reputação. Não a via fazia 10 anos. Se não fosse a lida, a falta de dinheiro, o cansaço que já começara, teria ido atrás. Há dois anos perdeu Naércio prasquelas pedras que come a alma e embranquiça os olhos. Que faz do menino, do homem, da mulher, escravos semi-mortos que vagam pela cidade, roubando, matando e morrendo. Lembrar disso tudo aumentou a canseira.
Aquilo lhe cansou mais ainda...mas tinha que correr atrás da vida pra sobreviver.
Naquele dia não tinha nem milho, nem arroz, nem feijão.
Tinha dois cartuchos no bolso.
Resolveu sair atrás de caça pra descansar a barriga, já que o coração e a alma conseguia não.
Pegou a certeira, o chapéu, a alpercata, passou a tramela na porta e se meteu no meio da secura quente do fim de tarde pra ver se achava uma preá.
Sempre tivera olhos bons, mesmo com a idade, sabia seguir rastro de preá, mas o cansaço não permitia muita distância.
Loguinho, loguinho avistou no chão as marquinhas dos dedos da preá na areia terrosa meio fofa do cerradão. Lembrou que já era hora de voltar e que as preá sempre voltam pelo caminho que foram.
O sol do horizonte ia sumindo mas ainda ardia nos olhos...
Os barulhos ao redor sempre diziam alguma coisa, mas o cansaço tapou seu ouvido, só consegui ouvir a voz de Dalva cantando pros meninos.
Ouvindo acantiga, começou a dançar e a esquecer da dor e da preá.
Dançou e dançou, até trançar a perna e acordar pra fome, pra dor e pro cansaço.
Foi justinho na hora que viu a preá passando correndo num carreirinho com mais umas outras 8 preás atrás...corrreu pra ver se consegui rearmar a arapuca.
Daí atinou que 8 preá correndo assim do nada é sinal de animal grande por perto. Pensou em onça ou de até outro caçador.
Onça não aparecia naquelas bandas fazia uns 8 anos. Tiãozinho, seu vizinho matou a última a facada. Tá certo que foi embora com ela também. A diaba emboscou ele e ele só tinha a faca. Pelo menos não foi sozinho.
De qualquer maneira armou a Certeira e apertou os olhos por que a noite do sol já se ia e mal via o que vinha.
Foi a hora que ele viu um bicho preto, grande que nem bugio. Sentiu nos lábios o gosto do último bugio que tinha comido e encheu a boca de água. Não pensou duas vezes. Fez mira, aquietou e ponteou. PAM!!
Dai ouviu um grito que não era de macaco mas era de bicho homem.
Não sabia o que faria, se tinha matado um homem, o que faria?
Mas ainda assim correu pra ajudar.
Foi lá quando chegando perto, mais pertico que percebeu que era um rapaz, jovem, magro...com os olhos brancos, os olhos brancos de Naércio.
Ele se confundiu. O que Naércio fazia por aquelas bandas? Correu e o pegou no colo, e falou:
“Naércio, meu filho, o que eu fiz?”
“Fez nada, pai, não. Besta fui eu que vim fazer surpresa prum homem solitário que vive caçando.”
“Não fale filho, vou te levar pra casa, vamos ver esse machucado.”
“Pai, a casa tá longe, você não vai me aguentá!!!”
“Cale essa boca!!! Sou home forte e vou cuidar de você. O que ocê veio fazer aqui?”
“Vim ver meu pai e contar que estou livre daquela porcaria que tirava a minha vontade. Agora minha vontade é do Senhor Jesus. Tô livre pai, sou mais viciado, não. Não carece mais de ter vergonha de eu.”
Nessa hora uma gorfada de sangue saiu da sua boca e voou no peito de Francisco. E Naércio desmaiou de morto.
domingo, 26 de maio de 2013
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Cinzas
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Prosa
Surpreendeu-se ao ser correspondido da mesma forma.
Bruto tal qual faminto, abarcou mais que a boca podia aguentar. Permitiu que suas mãos abocanhassem o restante do corpo. Querendo aprisioná-la.
Nenhum tom de cinza faria daquele momento mais intenso. Tudo era carmim, rosa e prosa.
A conversa dos corpos que se descreviam em curvas e dialogavam em dedos e toques. O discurso continuou sem perder a dialética dos movimentos que iam e vinham.
Das mãos e quadris, de boca e nuca.
Aos peitos dedicou o silêncio da boca ocupada. A língua do bruto falava curvas em montes ofegantes. Enquanto a boca da bela, se calava mordendo o lábio.
Perdeu-se na conversa para se achar no vale e nele a boca escorregou até a floresta.
Era mais uma boca a se pronunciar em um rio de calor.
Alívio
Acidente inevitável entre doenças
Perseveras
Na podridão.
Saber ser amado alivia os pesadelos da dor
Mas saber-se cuidado,
Cuidado, eleva o alívio do amor.
SRD
Trovas Línguas
Tratando de trovar
Trocando a trava pela trova
Buscando te enrolar.
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O testamenteiro testou o texto
Atestando troças
Detestando trapaças.
Testamento traçado no atropelo
Torna tudo intraduzível.
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Carpinei cantos
Pra conseguir campos
Compus campos
Olhando nos cantos.
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Língua lânguida lambe longamente
Lambe loucamente a língua dos lábios calientes.
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Partiu de Paraitinga
Para o poço de Piratininga.
No caminho encontrou moço
Perguntando de Piracicaba.
Perdido na troça
O moço voltou à palhoça.
Procurando a vila de Paraitininga.
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A torneira do motorneiro
Travou no torno.
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Tons transtornados toava o tordo.
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Torno a tomar tererê
Tergiversando o tema.
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Toda travei
Só a lontra não trovei.
terça-feira, 21 de maio de 2013
Medos
domingo, 19 de maio de 2013
Lucro presumido
Di-lapidar
Garimpo
De sol à sola
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Coletividade
Que o amanhã não seja de matilha.
E o fim-de-semana, seja de um panapaná.
Social Media
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Deaficience
quinta-feira, 9 de maio de 2013
SobreVida
Meus balangandãs são meu humor, meu coração e meu sorriso.
Minhas contas são os fios brancos, pretos e vermelhos da minha barba.
Meus santos são minha filha, minhas irmãs, minha mãe, meus sobrinhos, meu amor e meus amigos.
E minha cruz carrego em mim e a chamo ser humano.
Que venha, estou preparado.
Por que estou vestido e armado com as armas da vida
sábado, 4 de maio de 2013
Noites hospitaleiras
Piscam no teto da sala.
Passos e palavras
Chamam nomes,
Chamam números.
No ar, aroma doce e amargo de ataduras
Onde o vermelho da dor se confunde com sangues e polvidine.
O gosto da espera só amarga com tempo.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
A fabula do burro e da rosa
Assuntei a razão de tanta lágrima e o animal pranteou:
"Declarei meu amor a uma rosa.
Que toda prosa, desdenhou.
Queria se desapegar das aparências.
Queria se libertar dos elogios
E assim se livraria de todas as críticas.
A mim, burro que sou, restou uma coisa,
E mastiguei a rosa com todos seus espinhos."
quinta-feira, 2 de maio de 2013
A(r)Dor de Prometeu
"Essas dores serão sempre minhas.
Ninguém pode senti-las por mim.
Nem suas dores serão maior ou menor que as minhas.
Não se minimize diante delas.
Solidarize-se.
Compaixone-se.
Isto é o que basta."
quarta-feira, 1 de maio de 2013
domingo, 28 de abril de 2013
Aurea Mediocritas
Caminho do meio,
Nenhum extremo.
Quero ser o cidadão trivial,
O homem padrão que não almeja nada,
O ser sem ambições
Que caminha na estrada
Que pensa nos passos
E não na chegada.
E eis que quem nem me conhece
Me alcunha de medíocre.
sábado, 27 de abril de 2013
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Revolta
Sentir medo de um futuro incerto
E ainda assim se jogar no mundo
Sem saber alguém por perto
Para amparar a pena
Para parar a dor
Para dar amor.
Por mais que apanhe
Nunca pare de bater, meu coração.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
(Re)missão #not
O momento é de vida.
A vida é divina.
Não a quero dividida, quero o tudo que me resta.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Aqui
Volta e meia volto,
Involuntariamente, volto.
Não sei porque não me deixa em paz este lugar
Ou me leva de uma vez pro buraco.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Solidez da dor
Vou fazer um anel com ela.
Para lembrar o quanto
Doer é ser solitário.
domingo, 14 de abril de 2013
Xique-Xique de Igatu
Para ele, a rede que queria estava esperando numa varanda em Igatu.
enFadonho
Tenho a vida repleta delas.
Mas a maior maldição é repetir fatos e ações continuamente, ingenuamente acreditando que os fatos não se repetirão. Acreditando que as coisas, pessoas e situações mudam.
Quando que para quebrar basta que eu mude a mim mesmo.
sábado, 13 de abril de 2013
Idealis Lector
Nem a palavra correta,
Muito menos a rima mais rica.
Queria mesmo o leitor ideal.
Aquele que (v/l)eria cada poema,
Cada rima,
Cada palavra,
Como a base de todo vocabulário matriz.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Cafés aguados
A mulher no elevador do hotel fedia perfume doce de mamão papaia.
A Mirian Leitão grunhia junto a dois entrevistados algo sobre o golpe e a ditadura.
Enquanto isso engolia pães-de-queijo frios no café da manhã, pensando como a vida de viajar sempre foi solitária para mim.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Navilouca
A inflação está subindo ou eu que sou pessimista?
E que se f#$# o preço do tomate!
A nau dos insensatos está a deriva ou deliro na febre?
E que se f#$# a epidemia de dengue!
Há um desgoverno violento ou eu que sou neurótico?
E que se f#$# os moradores de rua e os viciados em crack!
Há um bando de moralistas amorais ou sou eu que acredito em justiça?
E que se f#$#m as liberdades individuais!
Vai, porque quem não
Perde a razão
Não é nunca maltratado!
Partência
Na mesa ao lado um senhor reclama para quem quiser ouvir que é diabético e que em Belo Horizonte não é terra para doentes como ele.
E ele chafurda em pães brancos e sucos de laranja.
Olho o lugar vazio ao meu lado onde, minutos atrás, estava minha filha sorrindo com sono, devorando pães-de-queijo e ansiedades.
O futuro é dela. O sonho é meu.
Minha felicidade!!!
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Da doença como afirmação da vida.
Na verdade foram muitas noites até eu me convencer de que havia algo de errado.
Mas a dor é sempre um aviso.
E uma opção.
Quando fui diagnosticado, não acreditei.
Mas acreditei.
Foram mais de dois anos de uma vida esquisita.
Uma vida de negação, rejeição, peregrinações infinitas a hospitais.
Uma vida de reencontros.
De um reencontro em especial. O de mim mesmo.
Ainda é uma vida esquisita.
Mas agora posso dizer e digo:
A vida é boa.
A vida é do caralho.
A vida é de foder.
sexta-feira, 5 de abril de 2013
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Construir
Que não seja delírio,
Que não seja vão.
Que seja seu.
Mesmo que seja o amor em algo,
Ou em alguém.
Que o amor seja seu.
Para que quando acordar do sonho
Esteja inteiro
Para partir ou ficar.
Para ser ou deixar de ser...
Feliz.
terça-feira, 2 de abril de 2013
Incêndio pela manhã
"Não, é hoje" diz o raio de sol que queima as alças da mochila nos ombros.
Enquanto o corpo responde esperançoso:
"É! Amanhã há de vir o rescaldo".
Ego blindado
"Definitivamente você é o seu melhor assunto."
"Disso eu não sei, mas, com certeza, é o que melhor entendo." - retribuiu secamente.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Gain without pain, please!
Se fosse verdade
Eu já seria trilhardário.
domingo, 31 de março de 2013
Azul
O tarô não me diz,
Nem os astros me dirão
Por quanto tempo serei feliz,
Mas a vida é boa demais no azul.
terça-feira, 26 de março de 2013
A cabeça sobre meus ombros
Tromba d'água que lava e leva
Suja fonte limpa de informação.
Pata choca
Gastou o que tinha. E o que não tinha. Comprou roupa de marca que marcava todo seu corpo.
Bonita, saiu pelo metrô pra trabalhar.
Só esqueceu de gastar em aprender a andar.
Gostosa
Torce desejos.
Torcicola pescoços.
Desaba queixos.
Destrói corações.
Erige monumentos.
Como são ridículos meus pares masculinos.
sábado, 23 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
sábado, 16 de março de 2013
Tergiversações cibernéticas
Duas pessoas em paralelo,
Inteligências do meu país.
Opiniões opostas,
Post de um sobre post de outro,
Divergem,
Tergiversam.
Dois chatos...
quarta-feira, 13 de março de 2013
Porrada
Ressaca de trabalho estressa.
Ressaca de amor dói.
Por que não posso ter uma ressaca de um porre como uma pessoa normal?
Maluquices embutidas
Iniciais
Me acordei com uma dor no iniciático!
Ela principia no coração e não termina nos miolos!
Um diálogo austral
"Me sinto tão monotremático hoje!"
Eis que o Équidna respondeu:
"Ui, minhas costas!
E eu que ando com as espinhelas caídas."
"Tome uma Australosphenida que passa."
segunda-feira, 11 de março de 2013
Glúteos
Aliás, agradecia a Deus todos os dias pelas várias coisas que lhe dera, especialmente a bunda. Não que fosse sua fonte de ganha pão. Para isso tinha feito duas boas faculdades, um MBA e perseverara no trabalho.
Mas chegar aos quarenta e cinco anos com uma bunda daquelas não era pra qualquer um. Era realmente perfeita. Celulite nenhuma. Estrias jamais. Nem grande, nem pequena. Parecia desafiar Newton e as leis da gravidade.
Dizia que fora os tantos anos de equitação e Pilates que a deixara deste jeito, mas no fundo sabia que era um bem congênito. Nascera assim.
O resto de seu corpo era igualmente bonito. Seus músculos o tornearam naturalmente, sem carecer de grandes exercícios. Mas igual a bunda, nunca.
Parou na frente do reflexo dos vidros da vitrine de uma loja para ver se a calcinha estava marcando e pensou:
"Que bela bunda você tem, Adilson!!!"
Brejeirice
No pé, uma rasteirinha de couro,
Nos ombros, tranças e as marcas do bom verão,
Na boca, o carmim de um batom.
Doçura
Trouxe em um saquinho de papel amassado,
Dois chicletes e um drops dulcora.
Capisce?!?
Essa passividade.
É esse ar de "se ne frega",
Essa aparente indiferença.
Que não entendo
E talvez jamais entenda.
Vai entender?!?!
In-comunicação
Pensou em escrever um longo e-mail explicando o que tentara fazer para que entendesse o que há muito tempo vinha falando. Mais palavras jogadas na rede.
Pensou em mandar flores e um bilhete. Mas as flores murchariam e ela jamais escutaria o que estava escrito.
Pensou em mandar uma mensagem. Ela iria com dor, amor, lembranças e desejos.
Nada adiantaria.
Não sabia realmente mais o que fazer.
Achou melhor nem fazer.
Achou melhor nem mandar a mensagem.
E mandou.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Os sinos tocam por você...
Não sou um poço de candura liberal. Tenho paixões e com elas, amo e odeio.
Quem me conhece sabe da minha intensidade.
E sei que a morte faz parte da vida!
Mas me recuso a me alegrar com a morte. Qualquer que seja.
Quero sim o extermínio da pobreza!
Quero o massacre da injustiça!
Quero o assassinato da fome!
Quero a destruição da violência!
Todos querem.
As instituições!
Ah! As instituições!
Esses males desnecessários que poderiam morrer para dar vida nova ao mundo!
(A humanidade suporta mais algum século dividida entre capitalismo e comunismo???? No way!)
Se Nietzsche decretou a morte dos deuses, que venha Shiva para acabar com tudo, como uma monção indiana. E que dela renasça um novo pensamento.
Cansado da dicotomia zoroástrica do mundo.
O mundo é da cor do arco-íris, acrescido de infinitos tons de cinza.
terça-feira, 5 de março de 2013
Urbe crônica
Carrinho de feira
Ir à feira com a mãe.
Dirigir o carrinho,
Atropelando pés,
Enganchando rodas.
Lembrança com gosto de pastel e caldo-de-cana.
(Re)
conhecimento
encontrar
estabelecimento
viver
incidência
valorizar
equilíbrio
abastecer
velho
alçar
novo
abituar
habilitação
Ou será só o símbolo químico do rênio?
segunda-feira, 4 de março de 2013
Cheganças e partências
Esperanças de vir e partir.
Espera paz, trabalho e saúde.
Espera saudade, filha e felicidade.
Espera calma, dor e tristeza.
Espera amor e amizade.
Espera respeito e reconhecimento.
domingo, 3 de março de 2013
Caminhada noturna pela avenida Paulista
Elemento ou cidadão?
Crack ou macarrão?
Nas escadarias das igrejas,
Nos bancos de praças,
Na porta dos bancos,
A miséria viceja.
Presente da sociedade
Serviço da coisa publica.
E na avenida,
Em cada canto,
Escada tanto,
Os morlocks paulistanos,
Os mortos-errantes da cracolândia
Assustam o alvo senhor e a limpa senhora.
Enojam o asséptico político.
Assombram cada ser que não quer ver a realidade despejada entre sacos de lixos e colchões.
O homem dos pássaros e da felicidade
Mas nada tanto quanto ter me apresentado Manoel de Barros.
Luta
Recolher cada lembrança
Boa ou ruim
E guardá-la.
Encerrar ciclos de dor, alegria ou esperança.
É tempo de (en)lutar.
E eu luto.
sábado, 2 de março de 2013
Ignorância
Uma visão masculina
Para os males do seu coração.
Ignorei, não respondi.
Nada digo
Sobre algo que desaprendi.
Não foram anos de ignorância.
Bastou uma só dor muito grande,
Para encerrar a sapiência.
Por isso, se hoje me perguntam:
O que é o amor?
Digo que ele é rosa e tem espinhos.
Daonde vem o amor?
Digo quem de um sobradinho lindo
No alto de uma montanha.
Como se vive do amor?
Redigo que não se vive de sofrimento.
Como se esquece um amor?
Daí lembro do tempo...
Apequenar-se
sexta-feira, 1 de março de 2013
Arquitetura do amor
Mas na maioria das vezes
Só percebemos o fim
Depois do fim já ter passado.
Não digo o sentimento,
O amor perdura,
O amor dura, diamante que é.
Continua dentro da gente,
Ele volta e revolta para nos assombrar.
Até ser substituído ou destruído.
Digo do reino de sonho que esse amor constrói.
Um reino de dividir sonhos,
Esperanças,
Lutas,
Otimismos,
Dores e alegrias.
Digo do construir
Pontes, arcos, colunas, alicerces
E torres.
Não torres prisão,
Nem torres de vigilância.
Não torres de proteção.
E sim,
Torres de alcançar a linda lua que ilumina seu bem quando dorme.
E no final, não é um nem outro que destrói essa arquitetura.
Talvez por um deus cruel que não quer que aquele amor, como em Babel,
Alcance a mais pura divindade
Sendo sonho ou verdadeiro.
Talvez o erro seja usar muita paixão na argamassa.
Talvez o erro seja realmente não ter sonhado a arquitetura intrincada das relações humanas.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Tempo II - Paragem
Respeitar do outro, o tempo.
Deixá-lo respirar.
Acordar.
Como tudo na vida,
Mundo
Há sempre seu tempo
Necessidade.
Demorei para aprender.
Nem sei se aprendi.
Mas atento sigo
Mais atento não falo.
Ouço.
E tento deixar o amor tomar o momento do meu/outro.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Tempo I
Olhou para a agenda sobre a mesa.
Olhou para o relógio do celular.
Olhou para as horas no computador.
Olhou para fora da janela para ver se a noite vinha.
Olhou para o estômago para ver se fome tinha.
Olhou no espelho as rugas que apareceram.
Olhou a escova para ver os cabelos brancos que apareciam.
Olhou para a foto da filha sobre a escrivaninha.
Olhou para as dores que vinham e iam.
Olhou para o tempo que passava e o atormentava.
Decidiu então abolir o tempo e deixar de envelhecer.
Olhou então para si mesmo e se viu jovem.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Amolher
A mulher que eu amo
Que devo lutar para sorrir.
A mulher que eu amo
Me faz dormir ao seu lado
Não sem antes me manter em pé horas a fio.
A mulher que eu amo,
É minha melhor amiga,
E é a melhor companheira.
Este homem que a ama
E espera que ela esteja do lado dele por mais tempo.
Como?
Não sei.
Não sabemos.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
DíVida ViVida
Acava a vida no covar diário
Até morrer saudoso da novivelha
Preparação
É preciso saber aguardar.
Isso ainda acontecerá
Mas enquanto não vem, é preciso aproveitar
Fazer dos momentos até lá as melhores lembranças.
Da incrível capacidade de tornar a vida um inferno...
Acordou pela manhã com gosto de cabo de guarda-chuva na boca. Levantou-se, cansado de mais uma noite mal dormida e foi tomar banho.
Era uma coisa simples, pensou, ligar o chuveiro e se ensaboar. Escovar os dentes e fazer a barba. Ele sabia que conseguiria.
Durante o banho repassava a agenda do dia.
De toalha na cintura fez café, esquentou o pão velho, preparou a mesa para sua mãe. Separou os remédios. Tomou ele mesmo seus remédios e algum café.
O que tinha mesmo que fazer antes de sair?
Ah, lembrou! Tinha prometido ligar para Juliana logo cedo.
Ligou. Não atendeu. Já imaginava. Devia estar dormindo. Deixou uma mensagem no celular, vestiu uma camiseta cinza e bermuda cáqui. Colocou o par de sandálias azuis. E caminhou.
Antes de sair, voltou ainda três vezes para se certificar se não havia esquecido nada.
Não levou o celular, afinal ia até ali e voltava.
Já passava das nove e meia, quando pôs o pé na rua. Inicialmente foi para a direita em direção ao leito do rio.
Ia a uma loja de material de construção para ver se conseguia comprar algumas coisas que precisava.
Foi até lá, não sem antes passar na obra atrás de sua casa para conversar sobre alguns problemas. Chegando na loja lembrou-se que tinha esquecido do molde de assento que tinha feito. Era isso que precisava para comprar. Comprou pilhas para o controle remoto da tevê. E partiu.
Frustrado pegou o ônibus para não se cansar no sol que derretia o asfalto. Tinha que ir um pouco mais longe e não queria andar.
Desceu no ponto e andou mais uns quinze minutos. Pôs a mão no celular que não estava no bolso. Sentiu saudades dela e queria ligar. Pensou, "Paciência, quando chegar eu ligo. Ainda deve estar dormindo."
Lamentou não ter feito uma lista, ele sempre fazia. Ajudava muito. Mas comprou o que lembrou.
Olhou para o relógio da caixa da farmácia para tentar ver as horas. Não conseguiu. Então perguntou que horas eram e a moça olhou para o pulso e disse que eram onze e meia da manhã.
O coração pulou na boca. Tinha perdido a manhã mais no ir e vir que fazendo algo de produtivo. Lembrou que tinha que começar a trabalhar em um volume novo.
Saiu da farmácia pensando se ir a pé não era mais rápido. Até chegar o ônibus já teria chegado em casa tomado banho e saído.
Desceu rapidamente pelas ruelas que o levavam até sua casa. As sacolas de compras batiam e o farfalhar do plástico ritmava seus passos.
Tinha pernas compridas e compleição forte o que lhe dava um certo equilíbrio para andar de sandálias pelas ruas de paralelepípedos e as calçadas irregulares do seu bairro. Ainda assim os pés secos escorregavam pelas solas das sandálias de dedo.
Em alguns minutos alcançou a casa, bufando e exclamando: "Que calor infernal!"
Mal sabia que o inferno do dia ainda estava para começar.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
Para Almir e Renato
A partir de hoje
Não quero mais urgências,
Muito menos emergências.
Não esperem que atenda desesperado telefonemas,
Nem que responda e-mails
Como quem perderá a vida se não lê-los.
Nem que eu corra ao ouvir a campainha do metrô.
Nem que escute o bater de palmas na porta da minha casa.
Nem que olhe o relógio mil vezes durante a noite.
O tempo desta vida deve fazer o que a vida demandar.
E, há muito, esta minha vida me prega imprevistos, pouco se importando se existem compromissos ou saúde para suportá-los.
Não tem me restado muita coisa,
E que se dane o que resta!!!
Quero o que é meu
E é nele que buscarei a paz.
Conheci manhas e manhãs.
Agora preciso vivê-las.
Stazzione Termini
Humano
Apenas humano,
Busco na definição
Limitar o animal em mim.
E respirar,
E reagir,
E escutar no peito, os sobressaltos
Do estresse infinito dos condenados.
Que buscam no presente o que já se foi.
Sei que não o alcançarei,
Que o limite já perdi.
Perdido há tanto tempo
Que o corpo já se estragou.
E assim morrerei sem saber
Em qual ponto devia ter parado.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
O pensamento enquanto fumaça
A fumaça do cigarro que subia refletia o fio de luz que a janela entreaberta permitia entrar.
Soltou os gases do pulmão, soprando-os por entre os lábios.
Existiam momentos de reflexão que só um cigarro podiam proporcionar, refletiu.
Apagou o meio cigarro no cinzeiro de vidro que roubara da mesa de algum restaurante que estivera com ela, e exclamou:
"Eita vida de merda!!!"
E voltou para o computador.
Liberdade
Então abriu a janela do apartamento e jogou o computador do décimo-primeiro andar.
Iluminação
A luz foi tão forte que o cegou totalmente.
Passividade
Ler o Livro do Destino,
Abrir as cartas do Tarô,
Saber o futuro nas entranhas de um bicho.
Saber de tudo não lhe ajudou em nada,
Pois já era condenado quando nasceu.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Turner
Sinto-me navegar nas tormentas da vida
Permitindo que seu balançar
Seja também aceitar.
Não nasci timoneiro,
Só navegador e armeiro.
É preciso aprender a segurar o leme,
Antes que seja tarde demais.
Simetria
Do rosto perfeito decorado com um olhar ambidestro.
O torso rijo e esguio com seios de bicos estrábicos de maneira sutil.
Os joelhos de suas pernas compridas e fortes eram sutilmente tortos.
E entre suas pernas, um tufo de pelos escondia uma boca rosa e pequena.
Silêncio
A isso lhe valeu ser confidente da rainha e eunuco do rei.
domingo, 3 de fevereiro de 2013
Reflexões partidas
Refletia minha alma.
Ódio
No entanto acreditava que o amor vence tudo.
Mas o amor não vence a morte.
A morte do próprio amor.
Cancros 1
No entanto me sentia vivo.
Tinha vida rotineira, trabalho e dinheiro.
Hoje que a doença está longe
A falta daquela vida me apodrece.
Ignorosa.
O que fazer quando voce quer uma flor pra encantar sua vida?
Êta, cidade flor-inculta e feia.
Adverbialmente
Ando tão estupidamente advérbico.
Realmente
Sinceramente
Especialmente
Verdadeiramente
Não sou Paulo Leminski que faz do advérbio um opiáceo e do opiáceo, um poema eterno.
Eternal waking
Mathias acreditava conseguir acordar uma manhã de todo restaurado.
Hoje ele sabe que não tem mais volta.
Como o corpo que morre um pouco a cada segundo, ele sente sua mente se destruir a cada despertar.
E dormir deixou de ser opção.
Imagem de
Sandman
©DC Comics
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Vi(n)das e (a)i(n)das
Começo e fim.
Vi hoje a proximidade destas palavras
Nos meus olhos que são os olhos da minha mãe.
Dores de partida
Como me dói ver seu cansaço
Você que acordava cedo pra cuidar da família.
Como me dói ver seu esquecimento
Você que eu via desenhar em qualquer pedaço de papel projetos de casas que sonhava construir.
Como me dói ver seu desequilibrar
Você que um dia me aguentou no colo.
Como me dói ouvir seus ais
Você que cantava tantas músicas que jamais esquecerei.
Como me dói sentir sua fúria
Você que com uma mão no cabelo do meu pai o acalmava.
Como dói ver você preocupada com tudo
Você que já fez tanto por tantos.
Saudades de não sentir essas dores.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Toda vez que essas músicas me vêm à cabeça é sempre sinal de que preciso partir.
Viajar para que eu reconstrua o que se quebrou.
Foram assim tantas vezes.
No entanto, o tempo, esse implacável senhor de tudo e de todos e que me tirou tanto, hoje tira de mim a possibilidade de sentir o gosto do pó da estrada nos olhos.
Agnosticismo
Nada do que me fala me diz respeito.
A sua fé é sua crença.
Nada espero do mistério do mundo
E espero tudo da vida.
Incondicional
Nenhum palavra de amor mais saiu de nossas bocas.
O fel e a espuma era mais fortes que o gosto de nossos beijos.
Sabe a dor?
Essa que nos infligimos por nos perdermos?
Essa que achei maior a minha,
E a sua, a maior de todas?
Sabe o amor?
Cuja condição foi tê-lo incondicionalmente?
Esse era o maior que tive (tenho),
E o seu, o mais triste do mundo?
Sabe a distância?
Fim de quem ama?
Que a minha foi de quilômetros
E a sua, a mais longe?
Querendo ou não
Nos perdemos nas condições da distância que nos colocamos.
E ainda olho para você
E você olha para mim
Ambos sonhando com a mesma coisa.
Ode a São Paulo
Ou grito de ódio e raiva por este "sonho infeliz de cidade".
Acho que isso é ser paulistano,
Ter uma relação esquizofrênica de amor e ódio com a cidade onde vive.
Sim, onde vive!
Pois ser paulistano não é nascer aqui.
É sobreviver aqui.
Feliz aniversário, velha amiga.
Que conhece todos os meus passos, desde o primeiro.
E certamente irá conhecer o derradeiro.
Que sentiu o meu peso ao pular de alegria e viu meu claudicar na tristeza.
Que sentiu minha filha caminhar e meu pai deitar sobre ti uma última vez.
Que aparou meus chutes e meus joelhos, na raiva e nas quedas.
Que sentiu cada lágrima dos meus olhos.
Que presenciou todas as minhas dores de amores.
Cidade mãe, amante, vil e traidora.
Cidade Medéia que mata os filhos.
Cidade Maria que os conforta e ampara.
É de ti que sempre fujo e é a ti que sempre volto.
Amo/odeio-te, cidade gris.
Parabéns, Villa de Piratininga.
domingo, 20 de janeiro de 2013
Pendulário
Pendula,
A vida é pêndulo, oscila.
Perdula,
Viver é desperdício.
Mas quem disse que sou avarento?
sábado, 19 de janeiro de 2013
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Achado
Escondido nas entranhas,
Estava lá.
Mas como sempre com tudo que é bom
É preciso vasculhar.
É preciso um achamento.
Uma câmera aqui,
Uma agulha ali,
E estava lá.
A alegria em forma de cura,
A esperança, desta vez, não era verde,
Mas carmim da cor do meu fígado.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
A perda
As manhãs, todas elas, eram radiantes
E cedo, sem medo me atirava nelas.
Só sei que precisar dias e dias onde a tristeza superou essa alegria.
E recentemente os vejo com mais frequência.
Poderia culpar pessoas ou uma pessoa só.
Poderia culpar a filosofia ou a fisiologia.
Poderia culpar quem culpa tudo.
Só sei que ao mesmo tempo
Quando por um lado me é dada a alegria
Ela é roubada por outro.
Sim, é certo que tem gente que só se vê feliz na tristeza alheia.
Essas pessoas dizem quererem alegria
Mas doá-la, lhes são um esforço enorme.
E eu sigo tentando fazer um mundo melhor para mim, para os meus e para os outros.
Mesmo que eu erre muito.