sexta-feira, 15 de julho de 2011

Timoneiro

Diziam que foi uma senhora judia que ensinou Ismael a navegar nas tormentas. Ela lhe disse que a turbulência não cessaria nunca. Que o importante era ter a tempestade sempre em mente e se ater ao que fazer no momento exato. Não se prender ao que deveria ter sido feito ou ao que deveria fazer dali a segundos. E que nunca existe um "ter que" fazer na vida de navegante. Só o "poder ser."
Só se sabe que embarcou no Pequod e nunca mais foi visto.

Sexta, 15 de julho de 2011 às 20:56

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Osvaldo

Osvaldo saiu da toca assustado. Naqueles dias de inverno não saia muito de lá. Especialmente depois de todos os sustos que levou. Da loba que levou seus filhotes. Do mão pelada que roubou suas cenouras. Osvaldo, que um dia era corajoso, hoje morria de medo de sair.
Mas naquela noite se aventurou. O ar estava fresco e a temperatura agradável.
"Foi um bom passeio." - pensou o esquilo quando tornava para a toca.
Mas no caminho de casa, o grito sofrido de um corvo o entristeceu e sentiu mais solidão.
E o pior ainda estava para acontecer quando encontrou em sua casa a Raposa esperando.
Eis que ela disse: "Já fizeste seu passeio, agora o jantar é meu."
O coração de Osvaldo disparou e não conseguia respirar. Pôs-se a chorar. Não entendia por que não podia ousar ter um minuto de paz.
E a Raposa, com os dentes pontudos e brilhantes disse: "É tudo simples, eu sou o predador e você, caro esquilo, é o meu jantar."
Fugiu por todos os lados até cansar. A raposa era mais forte e poderosa e o encurralou. A Osvaldo só restou se esconder, fechar os olhos e esperar o fim.
Esperou, esperou, até que adormeceu.
E sonhou com o corvo triste que não pode ajudar e com a Raposa que o perseguia.
Mas acordou pensando no Texugo que teria que enfrentar naquela manhã.
Se sentiu menor e quis voltar a dormir.
Não conseguiu pois na sua cabeça martelava a seguinte frase: "Quem nasce pra presa, nunca chega a predador."

Quarta, 13 de julho de 2011 às 00:37