segunda-feira, 19 de outubro de 2015

sábado, 17 de outubro de 2015

Darkness

Ah! Escuridão imensa advinda da dor que ofusca meus olhos. 
Parte e me dê um sossego. 
Deixa que eu viva!
Deixa a vida inflar meu pulmão. 
E dar vida aonde é mais necessária.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A casa de Erwin

Moro cá numa casota,
Pequena como uma caixa,
Não há portas ou janela.
O que está dentro
Se está vivo ou morto
Não há como saber.





terça-feira, 13 de outubro de 2015

Réquiem

Que eu,
Quando chegada a hora,

Não me arrependa do que fiz,
Nem tampouco do que deixei de fazer. 

Não olhe nem para trás com saudade,
Nem para frente com tristeza. 

Prestigie os que estiveram do meu lado 
E tente perdoar os que me abandonaram. 

(Mas se não conseguir, que se fodam todos)

Sinta uma última dor
E uma última lágrima quente sabor de mar. 

E um beijo delicado da minha filha que acenderá a uma última luz, dando força para dizer:

Sempre te amarei.

domingo, 4 de outubro de 2015

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Você está bem?

Não. Não estou nada bem. 

Sabe, ainda tenho vida dentro de mim, mas também uma doença que me destrói e tenho medo. 

Isso não é estar bem. 
Isso é estar vivendo. 
Até onde poder chegar. 
Para poder partir.

Não queria ter mais noção de tempo, para não saber o muito do tudo que estou perdendo. 
Não nos deram a opção de saber quando vamos morrer. Mas sabemos que iremos. 

A maior crueldade da vida é essa. Receber desejos, sonhos, vontades, amores e esperança, para saber que vão se perder. 
E esse é também seu maior presente.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Seja

Jorge Drexler em uma estrofe da música Sea diz (e me perdoem a tradução tosca):

"O que tiver que ser, que seja 
E o que não, por algo será
Não creio na eternidade das brigas 
Nem nas receitas da felicidade."

Chama-me sempre a atenção os dois últimos versos. 

De fato, não creio na eternidade das brigas, mas o que for, que seja. 

Mas as receitas de felicidades, essas não existem e não é só por uma questão de crença. E é o que tem que ser. 

Felicidade é um estado momentâneo de gozo pela satisfação alcançada e esse orgasmo não é obtido por fórmulas mágicas propostas por religiosos (castradores por definição), filósofos (castrados por essência) e psicólogos (eunucos castradores por profissão). 

Só os poetas, por serem densos e profundos, sabem o que é felicidade, pois a eles é permitido chegar no mais escuro da tristeza onde um pequeno facho de alegria acaba por constituir toda a felicidade do mundo, naquele instante. 

Por isso desconfio e tenho medo da patologia psicológica daqueles que buscam a felicidade e suas receitas a qualquer custo ou ao custo de qualquer ilusão. Essas pessoas levam promessas que nunca poderão cumprir e nelas envolvem as pessoas que sabem que a felicidade é transitória e efêmera e que se apaga ou escurece ao primeiro obstáculo que se impõe na sua frente, mas ainda assim sonham com ela, os poetas, sejam quem forem. 

"Y el que quiera creer que crea
Y el que no, su razón tendrá
Yo suelto mi canción en la ventolera
Y que la escuche quien la quiera escuchar

Ya esta en el aire girando mi moneda
Y que sea lo que
Sea"

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Décimo primeiro

"Tomai as leis de Moisés e adicioneis mais esta:

Não usarás a palavra Amor em vão. Pois o Amor é o sentimento mais sublime que o Pai nos deu e seu maior presente."

Evangelho de Mateus, Cap 5, vers. 49 e 50. Apócrifo.

sábado, 15 de agosto de 2015

Fractura

Ele gostava de curvas,
Ela das linhas retas.
Ele biólogo,
Ela artista.
Ele orgânico,
Ela concreta.

E entre paralelas se encontraram em um momento do caos

Em um ponto quebrado de uma fractal multifacetada.

Vá pentear macacos!!!

Se você confunde elogio com galanteio, voce não vale nem um dos dois.
Se você confunde atenção com assédio, você é muito pretencioso.
Se você confunde favor com obrigação.
Vá pentear macacos!!!

domingo, 9 de agosto de 2015

Não sentido familiar pelo WhatsApp

"Vou chegar mais cedo no metrô."

"Se eu pegar o metrô certo eu estarei lá em 30 min. Quase pego o metrô errado. Pode?"

"Pode. Eu deixo."

":-)"

"Estou dando uma geralzinha no carro. Abastecer calibrar, água e talvez até ducha."

"Eu já tomei água e ducha.
Obrigado.
Preciso é me abastecer. Não tomei café. Hehehe"

"Tá faltando calibrar e abastecer. 
:-P"

"Descalibrado sou. Tem jeito não."

"Somos 2.
Fomos 5. 
Agora somos mais d 7 bilhões"

"Seremos sempre 8."

"9's fora nada."

"Quem dera eu fosse um peixe..."

"Para borbulhar..."

"Tomei luftal."

"E eu enfezada...."

Dia do pai

A noite não queria que eu dormisse, só consegui pegar no sono eram quase três horas da manhã. Não sem antes de colocar o despertador para às nove horas para ver se conseguia dormir um pouco mais. 

De repente acordo, o telefone tocando às 7 e pouco, apreensivo, assustado, mas era uma querida amiga, sabendo-me madrugador como ela, ligando para me desejar feliz dias dos pais. Falo com a língua enrolada que estava dormindo, ela se desculpa e pede para eu voltar para os braços de Morfeu.

Uma vez acordado raramente volto a dormir e é nessas horas que o caldeirão do diabo chamado mente humana funciona a mil. Penso de como havia me desligado completamente da data. Penso de como é uma data estúpida que comparada comercialmente com os dias das mães é nada. Penso, penso, penso e começo a chorar. Afinal por mais idiota que seja a data nada tinha a celebrar, afinal os motivos para tal festa estavam inalcançáveis: o pai por conta do destino e a filha pela distância.

Daí, como homem não chora, engulo as lágrimas e penso que mais estúpido que a data, era eu chorar por ela. Não pela comercialidade dela, mas pelo fato de que não haver motivo para tristeza. 

Tive um pai que no contabilidade geral do nosso pouco tempo juntos, foi uma das melhores pessoas do mundo. De quem herdei pêlos ruivos no corpo e generosidade , senso de justiça, curiosidade e criatividade em tamanho família. Um pai de quem me orgulho e muito. 

Da filha, o que falar dela? Que ela é meu raio de Sol? Que é ela com seu carinho e existência justifica a minha existência como pai? Que ela com a sua pré-adolescência já coloca o pai de orelha em pé? Que com seu gosto pela música e dança sempre fez sonhar me um pai de uma estrela? Que ela me faz ter orgulho e vaidade pela beleza e inteligência que possui?

Bom, conclui que, no final das contas, não era um mal dia. Sorri. Agradeci mentalmente a amiga que me despertou e acordei de vez. 

Obrigado, senhor Otavio Luiz Venturoli, meu pai. 
Obrigado, Clara Sanson, minha filha. 
Por existirem e darem um motivo para comemorar esta data. 

Amo muito vocês.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Bondade

Ser bom na vida é sobretudo facilitar a vida das pessoas, independente de quem seja, amigo ou inimigo.
Os amigos para que cresçam e os inimigos para que partam.

Sejamos os abridores de caminhos dos outros, que talvez assim nossos caminhos se abram.

sábado, 1 de agosto de 2015

Setenta e nove

Falta-me menos de um ano para meio século. A ti faltaria um ano para os oitenta. Não sei quais palavras lhe diria. Nem sei se ainda conversaríamos, pois somos muito parecidos. Eu hoje, você ontem. E que as parecenças mais afastam que atraem, dizem por aí.

Não sei se poderia imaginar um diálogo com você, mas por aqui, na escrita, podemos tudo.

"Oi, filhão!"
"Oi, paizão. O que conta? Tem conseguido descansar?"
"É, estão sendo bom comigo! Mas sinto falta de vocês."
"Nós nunca te esquecemos. Como poderia ser se até seus netos são parecidos com você?"
"Tenho visto. O Thiago tá enorme. E o Rafa parece muito a mãe deles. 
E a Tata? Ela me parece muito cansada. Fale pra ela que mandei descansar, se não volto pra puxar o pé dela."
"Hahaha, você sempre ameaçou fazer isso. Nunca fez. Por mais que a gente esperasse."
"É que pras bandas de cá não tem disso. É tudo história pra assustar crianças."
"Ou deixar adultos esperançosos..."
"E a Nanda? Pelo que sempre vejo, aquela pequena não para."
"Poxa, todos nós herdamos pelo menos alguma coisa de você."
"Realmente, suas orelhas e nariz são iguaizinhos aos meus"
Torço o nariz e lhe dou um soco no ombro. 
"É bom saber que você não perdeu o humor, pai. Tem aprontado muito por lá? Já pôs curto circuito em tudo por lá?"
"De vez em quando roubo as chaves de Pedro e escondo. Ele fica louco. Mas sempre acha.
E você, filho? Sempre me preocupei com você. Achei maravilhoso quando entrou pra trabalhar com livros. Era de fato o seu mundo. Mas a vida não tem sido boa para você, não é?!?"
"Um probleminha aqui, outro acolá, mas nada para se preocupar."
"Olha, sempre tive dificuldade de conversar com você abertamente, mas não menospreze a minha inteligência. Eu observo. Eu sei."
"Deixa isso pra lá, você nunca me disse também que seria fácil, embora tenha tentado muito me poupar."
"Mas filhão, você tem que se olhar mais, cuidar mais de você. Não deixe que te atinjam como me atingiram. Afinal você tem que cuidar daquela menina linda que você me deu como neta. Como ela tá linda!!! É, filho, sinto lhe informar, mas você se fudeu. Vai dar trabalho."
"Já dá, mesmo estando longe. Ela iria adorar você. E você iria precisar de mais energia do que teve com a gente. Sabe, pai, ela é feliz. Da maneira dela, mas muito feliz e alegre."
"Eu sei, eu vejo. Ela é uma luz, e junto com os ruivos, tem o poder de tirar essa dor de dentro de vocês."
Sorrio por entre as lágrimas. 
"Bom, tenho que voltar. Estão me chamando e eu tenho um compromisso."
"Mas não vai perguntar da mamãe? Não que saber dela?"
"O que você acha que é esse compromisso? Tenho que me preparar, estar perfumado e elegante pra quando aquela morena chegar. Dela sei mais que você."
Então me aperta os ombros com suas mãos gigantescas e diz olhando nos meus olhos:
"Otavio, se permita ser feliz. Você não teve culpa de nada e está há muito tempo tentando se redimir. Fale isso pras suas irmãs também. Estou bem."
E me beijou como só um pai sabe beijar um filho. 
"Te amo, pai."
"Eu também, filhote. Até!"

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Verde

Sabe, moço, o que é esperança?
É um bichinho verde, que vive avoando por aí.
Mas sabe porque chama esperança?
É porque dizem que verde é a cor da esperança.
E sabe porque verde é a cor da esperança?
É porque é a cor dos olhos de todos os homens.
Mas por que seria a cor dos olhos de todos os homens?
Magina que um dia o mundo nunca que foi assim cinza desse jeito que é por essas cidadonas aí afora. Os homens viviam nas floresta, nas mata, De caçar e pescar. De comer da raiz e da fruta. Qual é a cor que ele mais via? Diga lá? Sei, sei, é claro que era o verde. O verde dava vida pros nossos pais e isso fazia feliz a vida deles. Em paz, sem carecer de brigar.


Bote reparo.de como tudo para quando está diante de um verde muito forte. E, além do mais, aprendemos nas escola que é no verde que começa a vida. Bom, sei lá, nunca fui muito de estudar. Mas só sei o que me foi contado pelo meu pai que ouviu do meu avô que era um homem que viveu a vida inteirinha no mato e aprendeu coisas que o homem não sabe.

Por isso recomendo ao sinhô, que uma vezinha por semana, coloque um lenço verde no bolso, no pescoço, no chapéu. Vista seu peito com a sua camisa verde mais linda. Ela pode não resolver os problemas trás dentro do corpo, mas vai com toda certeza que os céus podem garantir, lhe trazer paz e esperança.

Pode confiá nesse homem véio que já viu de todo tipo de cor e que procura nas paredes cinzas dessa cidade pintá-la de verde.


Doida escovada

"Eu te conheço?
Eu te conheço?
Que intimidade é essa aí?
Eu te conheço?"

Grita na rua
A doida semi-nua. 
Talvez fosse mera loucura
Ou os efeitos da lua. 

Não, não lhe conheço 
E nem lhe tenho intimidade. 
Também não tenho o que mereço,
Além de muita idade.

E urra a mulher ainda:

"Eu te conheço?
Eu te conheço?
Que intimidade é essa aí?
Eu te conheço?"

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Rude, o cão

Acabo de ter agora uma das experiências mais estranhas da minha vida. E olha que de estranhezas eu entendo. 

Voltando de uma ida ao banco, encontro um amigo velho que não via há tempos, passeando com seu cachorro, um labrador lindo. Nos cumprimentamos. Mas no momento que me aproximei, o cachorro desatou a latir para mim. Um latir tão alto e descontrolado que deixou meu amigo assustado a ponto de querer ir embora. Nos despedimos a distância prometendo nos falar pelas redes da vida. 

Quando começou a partir, o cão empacou, olhava para mim e latia, latia querendo vir na minha direção. Não parecia bravo. Parecia que queria algo de mim. 

Falei pro meu amigo para voltar com o bicho, sentei na calçada, e olhei nos seus olhos. 
Nesse momento ele parou de latir e chegou mais perto. Passei minha mão atrás da sua orelha e acarinhei. Nesse instante começou a ganir empurrando minha mão. Estava estranho e, num momento de distração, puxou a guia e pulou em mim e começou a me lamber. Nunca o tinha visto na vida, mas parecia saudoso, triste como não quisesse me deixar ir. Lambeu-me o rosto todo (odeio quando cachorro faz isso) e colocou a pata na minha cara como querendo me consolar, brincar. Foi então que eu percebi o que estava acontecendo. 

Já havia lido artigos científicos que diziam que certos cães percebem variações nas proteínas exaladas pelo odor. Então entendi que Rude, o labrador, havia visto em mim. O que nenhum artigo mencionava era a imediata percepção da doença e a empatia do animal. 

Desatei a chorar, mais que criança, e mais lambidas e mais ganidos. E meu amigo ali sem entender nada. Foram minutos de choros, ganidos e lambança. Sentamos na escadaria da porta do meu prédio e contei o que se passava. Expliquei o motivo da bengala e porque não ia incomoda-lo com as minhas agruras. Mais um tanto de choro e abraços caninos e humanos. 

Nos despedimos prometendo nos ver semana que vem, eu, Flavio e Rude. Um tchau triste e solidário nos separou. 

Foi um jorro de carinho ao qual não estava preparado. Foi bom, mas doeu. Em menos de uma hora recebi de um animal mais carinho e consideração que de pessoas que conheço todo uma vida ou que tive intimidade. 

Obrigado, Rude, por ser mais que humano.

Blue Moon

Como pensar, amor meu,
Que nunca mais te poderei olhar?
Como conceber, caminho meu
Não mais das tuas bocas beber?
Como imaginar
Um momento sem meu pensamento em ti?

Não, não roubarão de mim ao menos a lembrança 
Da luz na tua pele branca que
Refletia a lua e todas as constelações.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Humano, demasiado humano.

H(á os) que perguntam 
"Como você está?"
E não querem a resposta. 

H(á os) que dizem
"Queriam tanto ajudar, só não sei como!"
E depois contam suas próprias mazelas. 

H(á os) que o procuram 
Talvez para saber se já morreu,
E falam nada e nada deixam. 

H(á os) que falam 
"Mas você está com um aspecto tão bom."
Com o olhar de quem espera um desmorto putrefato. 

H(á os) que nada falam 
Se limitam a menear a cabeça 
E dar um sorriso amargo. 

H(á os) que somem, desaparecem. 
Quando o encontram falam 
"Estava tão preocupado com você!"

H(á os) que simplesmente ignoram 
E não te procuram
Não importa o quão íntimo foram. 

H(á os) que dizem palavras bonitas 
Onde você sente a repetição de um mantra
Um mantra do medo. 

H(á os) que dizem palavra de estímulos
Em que você nitidamente ouve
"Ainda bem que não é comigo"

H(á os) que fazem por dó
H(á os) que fazem por pena 
H(á os) que fazem por descargo da consciência. 

H(á os) que nada sabem, nem querem saber. 
E, claro, 
H(á os) que não estão nem aí. 

***************************************

Mas...
H(á os) que são diferentes, um tipo especial. 

Dos que lhe dão a mão, o ouvido, a voz. 
Dos que estão ali, sem dó nem piedade, e falam o que precisa ouvir. 
Dos que estão com sorriso e amor nos olhos, sem esperar nada. 
Dos que te olham nos olhos e dizem "Puta que merda!!!"
Dos que lhe perguntam se precisa de algo. 
Dos que lhe trazem aveia e mel, maná necessário para aquecer o corpo e a alma. 
Dos que não perguntam o óbvio. 
Dos que não telefonam por saber que  talvez precise de quietude. 
Dos que o chamam por saber da alma ferida.
Dos que lhe trazem remédios. 
Dos que lhe dão abraços. 
Dos que cuidam. 

Dos que não lhe dão nada
Só estão ali, para o que der e vier

terça-feira, 21 de julho de 2015

O reverso do tempo

Tal qual uma ampulheta reversa, o gotejar da bolsa de soro quimioterápico, busca marcar imprecisa mas necessariamente o tempo que ganhamos. 

E o barulho que faz, ocupa segundos infinitos da rara entidade chamada vida. 

domingo, 19 de julho de 2015

Uma madrugada...

Pessoas aparecem
Descarregam seus medos 
E depois partem. 

Não, não dá. 
Não quero ser culpado disso. 
Já tenho as minhas neuroses
As carrego e é pesado. 

E eu, que sou forte, 
Quando no amor, enfraqueço.
Quero me jogar. 
Amar e ser amado. 

Sou um sobrevivente. 
Mas não sei mais por quanto tempo.

terça-feira, 14 de julho de 2015

god doesn't play dice

I have
       no lips
To tell you
       how am I.
I don't know
     if it's coward
                 (dice)
God almighty
Never taught me how to play the game.
Pulo no escuro.  
O Sol ampara.
É tempo de espera. 

Emudecer

Quem emudece a voz que fala?
A que bate
Ou a que cala?
A que xinga
Ou a que vira a cara?

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Apocrifia

Como contar-te más novas 
Com a mesma boca 
Que com amor te beijo?
E ainda ter a coragem de desejar 
Que a noite seja boa?

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Abandono

Um a um vão se indo
Como contas do colar preferido
Perdidas quando quebrado.

Compromisso

Por favor, pela manhã me avise se pode me ligar à tarde para me dizer que está livre para fazer algo à noite.

domingo, 5 de julho de 2015

VocEu

(A)
Como dar-te
          minhas piores notícias?


(No)
meu colo
          requerer o seu?

(En)
S(h)ugar da tua boca
          as lágrimas


(Es)
Corridas
          dos seus/meus olhos?

dormir então sem temer
que o amor se acabe.

Solidão inespecífica

Uma doença
a falta da mão na mão.
a falta da mão no cabelo.
a falta da mão no meu peito.
a falta da mão a atingir a alma.
a falta de alguém pra dizer eu te amo.

A mão faz falta no coração.

Solidão específica

Cansaço
Sinto falta
Do amor que não me ama.
De amar o que não me amo.
Sofrer por ter um coração sem fim.

sábado, 4 de julho de 2015

Oração ao Universo.

Ó Universo!
Que um dia explodiu,
Movimentou as ondas,
Formou os gases,
Criou as estrelas,
Agrupadas em galáxias.

Ó Universo,
Cuja mecânica é inferida,
E a essência prevista,
E hão de ser provadas.

Ó Universo,
Que criou as partículas,
Base de todos os corpos,
E que é essência do meu ser.

Permita que meus sonhos
Deduzam que bons tempos virão.
Onde a morte não será banal,
Ainda que natural.
Que os seres se entendam
E que as dores e sofrimentos se limitem.

Ó Universo,
Que não é deus,
Nem nunca será.
Permita, ao menos,
Que meu sono seja bom
E a noite calma.

Ousadia

mosquito no braço
professor na sala
O que liga ambos
É o que ousa. 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Animus

Existem pessoas que gastam anos da vida buscando entender a mente humana.
Dar-me-ia por satisfeito se conseguisse entender as mulheres.

Ou pelo menos uma.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Júpiter, Vênus e uma noite enluarada de junho

Lua ainda linda com céu encoberto. 
E eu, de cama, saio incandescido a caçar pai e filha incestuosamente dançando no céu. 
O pudor das nuvens não permitiu. 

domingo, 28 de junho de 2015

Fotografia

Nada no olhar me fascina tanto
Que ver conseqüências impressas
Da minha visão apaixonada. 

sábado, 27 de junho de 2015

Multiplicação

Às vezes sinto saudades de você. 
Às vezes você faz falta. 
Às vezes penso em você. 
Às vezes quero você ao meu lado. 
Às vezes lembro do seu beijo. 
Às vezes procuro sua mão. 
Às vezes sonho você. 
Às vezes ouço sua voz. 
Às vezes vejo seu sorriso. 

No resto do tempo amo você. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Sereia

Linha que segue o corpo
Caminho inusitado da felicidade
Ângulos que se deformam em curvas
De retas paralelas que se encontram no seu infinito sorriso. 

A hora dos ratos

Na escuridão 
Quando o Sol já foi
Saem da toca. 

Nunca se expõem, 
Pois são covardes,
Pois são medrosos. 

Afunda o barco
Quando a água invade
Correm pelo cordame. 

Nunca se expõem 
são covardes,
são medrosos. 

Rosnam os cães 
Os gatos espreitam
Se perdem a fugir pelos buracos. 

Nunca se expõem.
Covardes!!!
Medrosos!!!

Dão-lhes a luz,
Oferecem o mundo. 
E correm para as certezas do esgoto. 

domingo, 21 de junho de 2015

Almanaque

Ei, você!
Sim, você que tudo sabe!!!
Explica para mim
para onde vão
        os sonhos,
        os desejos,
        os planos,
        o amor,
             quando a vida acaba?

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Canções

Ontem me perguntei,
Com milhões de músicas,
Como se para o tempo,
Para que meu mundo continuasse. 

domingo, 14 de junho de 2015

Você

Uma estrela não se
                  apaga
              com uma morte.

Imagina logo você
que é feita de constelações.

Nem o medo é capaz
             de apagar um sorriso.
Se ele for tão lindo quanto o seu.

42 minutos

O relógio marca que restam só dezoito minutos. 
Pouco tempo para o muito que terei para fazer. 

Tique taque 
Tique taque 
Tique taque 

sábado, 13 de junho de 2015

70/30

A vida está escondida nas tentativas dos setenta. Restaram-me trinta para planejar e resolver. 

Desinência

"Sabe seu moço! Quando ela bate na nossa porta, que seja um toquinho só,  sabemos que mesmo que desista naquele instante. vai voltar e voltar até você abrir a porta e te levar pra sempre."

Os filmes ruins da nossa vida

Cansado das reprises dos filmes ruins da minha vida!
E cansa tanto ser o "metteur en scène" dela com tanto mal ator ruim participando. 

Acho que tá na hora de contratar um diretor de casting para ajudar. 

Cut!!!

Dance comigo até o fim do mundo

Invente mil desculpas, mas não grite aos quatro quantos o quanto quer amor.
Envolva e segure, mas não descarte na rua o amor quando lhe convém.
Quer o amor com todas as forças e de todas as formas, mas aceite-o quando lhe aparecer.

Não diga dos medos passados, presentes e futuros, e depois assuste quem lhe quer.

Não reclame da velocidade, da pressa ou da urgência para, em seguida, atropelar o amor transeunte com seu VUC lotado de desejos e fantasias para deixá-lo depois fodido no acostamento.

Não sejamos vítimas ou algozes.
Dance comigo até o fim do amor.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Schrödinger's cat

By now
I'm living inside a Schrödinger's box. 
When they come visit me, 
Won't know what is inside. 
If it's alive or dead. 
Maybe both.
Maybe nothing.

L(ê•á)muria

Hoje escorreu uma lágrima de sangue do meu olho astigmático. 
Dizem que quando isso acontece uma criança indigo morre sugada pelo hálito de Baphomet. 
E em algum lugar do mundo, o alento do faminto é destruído em pedreiras de Food Trucks.
Poderia o Homo sapiens destruir a si mesmo como fez com os Neandertais?
A resposta está em algum livro sagrado enterrado sob os escombros da Lemúria e os quilos de corpos de lêmures mortos no meio do Oceano Índico. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Vértices

Como o horizonte
           por um ato
           por uma palavra
           por uma opinião 
           pela falta de um amor
           pela falta de esperança 
           pela falta de expectativa
           pela falta de saúde
Pode ficar tão infinitamente pequeno?

terça-feira, 9 de junho de 2015

Auto-imune

Temo a passividade.
Odeio a beligerância.

Buscarei, sempre que possível, escolher o caminho da honra e do respeito.
Mas que caminho é esse se o seu próprio corpo o violenta?

Honra alguma adianta quando se é traído pelo próprio sangue. Pelas próprias células.

E...
Talvez nessa hora,
                    escolha o temor.
                    opte pelo ódio.
Certo que nem um desses meios vai acabar com que a desonra que trago no abdômen.

Nessa hora encolherei num canto chapado de codeína esperando que o tempo traga a honra em uma viagem entorpecida, para qye na manhã seguinte eu levante e continue sendo o mesmo desonrado.

Não há honra na dor.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

O Cancro.

Uma hora 
E eu ainda recolho os cacos
Das lembranças de como é sobreviver. 
Três anos não bastaram, batendo de volta o cancro, como o corvo, sobre meus umbrais. 
Seis anos foram e voltaram. 
Mais que os seis meses, mas menos que uma vida. 
E o carangueijo diz:
Sempre mais. 

domingo, 24 de maio de 2015

Acontecência

Certo que assustam,
A velocidade e o de repente,
Os desejos das conseqüências.

E do nada,
Ou de um beijo, sei lá,
Brotará a vontade.

Um par de olhos verdes me fitam
Enquanto percorro com as mãos
As linhas em curvas.

Um, dois, três, milhares.
Noites, dias, horas, minutos.
E ainda querer mais.

É claro que confunde
Achar-se perdido
Quando encontrado.

sábado, 23 de maio de 2015

Coexistir

Dai ela me pergunta:
"Pai, qual a sua religião?"
Engulo seco. Sabia que essa pergunta difícil viria, como outras tantas virão. 
Explico que fui batizado. Portanto, cristão. 
Mas como explicar a inexistência de D'us? Como explicar as atrocidades cometidas em nome de um deus? Como explicar as outras cometidas em nome de divindade alguma?

Acordo dia seguinte e o tema é retomado enquanto ela parte para catequese por vontade própria. Ela, por influências várias, se diz católica e evangélica, mas quer fazer primeira comunhão. A decisão é dela e isso é respeitado. 

Explico superficialmente a base da tríade da religiosidade ocidental: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. 
Busco mostrar que a igualdade e o respeito a todos é o mais importante. Cito Moisés, cito o Alcorão, cito Mateus, cito Erasmo de Rotterdam. 

Conto a minha parábola das formigas, pois biólogo sou. Pergunto a ela se quando vê um formigueiro e suas formigas ela diferencia uma formiga das outras. Se ela vê uma formiga ruiva, loira, negra ou asiática. Falo para ela que acontece a mesma coisa com os seres humanos. Pergunto se alguém de fora, vendo de muito longe a humanidade, saberia diferenciar os seres humanos. 
Ela me diz: "É pai! Somos todos humanos."
Sorrio, pois acho que o começo do caminho parece promissor. 
O resto do dia promete em conversas sobre o tema.

Uma coisa sei: ela se maravilha com a natureza e o cosmo, e tem uma alma lírica e pragmática. 

Talvez seja a hora de explicar que a Natureza é uma das maiores "divindades". 
E que o melhor caminho é o respeito. 

É bom ser pai. É difícil ser humanista.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Bonita

Tenho os olhos para quem eu amo.
Mas não é isso que a torna bonita.
A boniteza já estava lá quando a conheci.

Os olhos com que olho
São os olhos do fotógrafo
E do radiógrafo
E do astrônomo
E do pintor
E do escritor.

Pois enxerga beleza
Do sorriso até as infinitesimais estrelas do seu corpo.

Criancice

No labirinto de espelhos da Cidade das Crianças, Carlos encontrou Judite perdida e assustada.
Segurou na mão dela e falou: "Confia em mim! Não sei como se sai daqui mas sei que tem saída."
Naquele dia os dois dormiram com o gosto do mesmo algodão-doce na boca.

19 de Abril de 2011

sexta-feira, 8 de maio de 2015

A um tio da Itália

"Sabe, como bom bolonhês, amo torres!" falou Renato para o amigo.
Apontando para o céu, ele comenta:
"Cada torre que construo, aponto o dedo para D'us e lembro a ele que existo.
Mas para isso, é preciso um esforço muito grande.
E no final de cada uma, recolher o que restou da autoestima.
Buscar o amor próprio.
E com isso construir novas estupas, minaretes e zigurates.
Assim mostrar que o amor é coisa da força humana. Não da fé. "

quinta-feira, 7 de maio de 2015

O Ano

Um tempo suficiente para se saber e ainda ter sérias dúvidas. Um tempo para conviver e ainda assim não ter uma vida juntos. Um tempo para se achar alguém e ainda se encontrar perdido. Um tempo para amar e ainda não saber-se amado. Um tempo para sonhar e ainda achar-se acordado. Um tempo para gestar e ainda assim abortar. Um tempo para construir e ainda ser demolido. Um tempo suficiente para o luto e ainda assim continuar de preto.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Alcance

Talvez perdida em um devaneio e outro
você leia seus e-mails
e lembre que eu lembro de você.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

10

Desencontros...
Antes fossem dez encontros. 

Passageiro

Passageiro pede informação.
Trocador nem te ligo.
Passageiro pede licença e informação
Trocador e passageiros nem te ligamos.
Passageiro se irrita pelo ponto perdido.
Trocador se liga da cagada e bravateia.
Passageiro sai do ônibus irritado.
Trocador debocha olhando pros outros passageiros esperando aprovação.
Alguns passageiros concordam,
Outros disfarçam,
Ainda outros balançam a cabeça em desaprovação e nada fazem.
E eu, que tomo partido do passageiro perdido, recebo um vai-tomar-no-cu no ouvido.

terça-feira, 31 de março de 2015

Serviçal

"O senhor está pronto para ouvir a palavra do Senhor."

Estranhou a interpelação e a interpolação. E por um segundo cogitou responder, mas seguiu em frente esbarrando no senhor que o abordara.

Mais que agressivamente o senhor com a Bíblia na mão agarrou seu braço e com voz de trovão disse incisivamente:

"O Senhor tem algo a dizer para o senhor."

Sentindo-se agredido e incomodado por tantos senhores, revidou:

"Desculpe-me, mas não sou escravo para ter um senhor. E o senhor, faça o favor de soltar-me o braço."

Talvez assustado com a reação ou incomodado com ela, soltou o braço. Foi então que reparou que os olhos daquele senhor ferviam em raiva. O senhor do Senhor gritou que o Senhor a quem ele servia não era desses senhores de escravos.

Olhou para o senhor com fé, com pena, ao perceber que o Senhor da fé o havia agrilhoado a um livro e jogado em uma prisão de inúmeros dogmas.

Mas a cara de pena só suscitou mais raiva naquele senhor que disse:

"O desdém do senhor, ainda vai levar o senhor pro inferno!!!"

Foi então que de pronto o homem que queria se ver livre de senhores perguntou:

"De qual senhor está falando que vai pro inferno?
"O Senhor?" - apontou para o céu -"O senhor?" - apontou para si próprio - "Ou o senhor?" e apontou para o religioso.

Depois de todos os impropérios que ouviu, o senhor transeunte teve certeza qual dos três senhores iria para companhia do adversário.

sábado, 28 de março de 2015

Notre Dame des Piétons

Eis que ele apertou o botão do semáforo de pedestres e o sinal abriu para ele. 
Daquele dia em diante sua vida se transformou e passou acreditar em milagres. 

Se você passar no cruzamento da brigadeiro com a alameda santos pode ser que o veja em seu ritual diário de acender velas para Nossa Senhora dos Pedestres.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Dissimulacros

Não crie o produto,
Crie a necessidade do produto.
Não crie o risco,
Crie o medo dele.
Não crie o medo,
Crie a necessidade de se proteger.
Não crie a doença,
Crie os sintomas.
Não crie os sintomas,
Crie a necessidade de cura.
Não crie o Estado,
Crie a ideia de um.
Não crie a felicidade,
Crie a obrigatoriedade de ser feliz.

Depois de criado os simulacros
Não se preocupe com a realidade,
Pois ela já não mais terá a possibilidade de existir.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Paca Tatu...

Tomo café pensando na rapidez com que bebo o líquido preto escaldante e não queimo a boca. Daí me recordo que sempre me espantava que meu pai fazia o mesmo. E eu sempre me perguntava como fazia, enquanto ele trocava o meu café com leite de copos buscando esfriar. 

Como uma coisa leva a outra, passa a bela (pero no mucho) moça na frente do boteco e todos os pescoços quebram por causa dela. 

Penso no meu pai novamente me ensinando daonde vinha a palavra paquerar. Que paquerar é o ato de caçar pacas. Sim o roedor. (Nota: esse verbo só existe em luso-tupi). 

O paqueiro (ou paquerador) buscava durante o dia a trilha que o animal deixava quando desentocava. Caçá-lo consistia em ficar parado com um saco na trilha enquanto outros saiam pelo mato espantando o bicho. Dizia meu pai que a paca sempre voltava pelo mesmo caminho e que era só esperar que ela entrava no saco desapercebido. Num entardecer dava pra pegar umas quatro se Curupira não atrapalhasse. Era a hora do retorno pra toca. Digo entardecer, pois as onças saem para "paquerar" durante a noite. E não é uma boa para uma paca dar bobeira por aí de noite. 

Acabo de mastigar meu pão de goma que de queijo não tinha nada, jogo o pedaço final no lixo. Acabo com o segundo copo de café pelando e parto para a faixa de insegurança na frente do meu prédio. Na cabeça, além da saudade do meu velho, uma frase chiclete insiste em repetir: paca, tatu, cotia, não. 

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Missing people

Hoje senti saudades
Daqueles que partiram
Pra nunca mais voltar. 

Pai, avó, amigos, 
Primos e professores. 

Hoje sinto saudades 
Do abraço de nunca mais 
Do beijo de jeito nenhum
Da mão que inexiste. 

Homens, mulheres,
Lésbicas ou gays.
Ruivos, negros ou índios.

Saudades deles todos. 
Que transformaram minha vida 
E não estão aqui pra destransforma-la.


domingo, 8 de fevereiro de 2015

Devaneios humanísticos (ou Donne pessimista da Moóca)

Persigo com todas as forças o homem renascentista em mim. 
O humanista, o amante da humanidade. O sobre-desumano. 
Não um Leonardo
Nunca Michelângelo
Sempre um Rabelais gigante e torto
Pantagruélico para não fugir do lugar comum. 
Um delirante Cervantes. 
Uma alma que vá de Erasmo a Maquiavel, permeando um Bacon e nunca resvalando num Montaigne. 

Mas pateticamente constato que sou um brasileiro barroco-macunaímico. 
Uma triste figura dos tempos atuais que suga as informações e jamais vai além de moinhos de vento. 

***

E ainda que certo de que todas as políticas e lideranças passarão. 
Que ideologias, religiões, times de futebol morrerão. 
Que os jovens idealistas sempre se tornarão velhos arrivistas. 
Que sonhos de salvação viram delírios messiânicos. 
Que no final o interesse de poucos sempre prevalecerá aos da maioria. 

Permaneço humanista por acreditar no ser humano que se enriquece com a sabedoria de um qualquer e se empobrece com a morte de qualquer um.

Mas uma coisa é fato, todas espécies morrerão. 

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Urban body

"You may say I'm a dreamer"
But I'm just an street photographer
And a bar philosopher. 

My thoughts isn't a place 
It's in everywhere. 
My feelings occupy more space
Than an universe. 

So my thoughts is the street 
And my feelings is the bar. 
'Cause its are in the same city,
My urban body. 

domingo, 18 de janeiro de 2015

Wild(e) Ghost

Calor
Fraquejo
Caio

E o sangue, tal qual nódoa cantervilliana, insiste em não se apagar. 



Excesso (ou morte prematura por cozimento precoce)

Modorra de boca 
Mildragões escoceses
Venti-la-ador 
           quixotescamente 
Briga
Luta perdida. 

Corpomeu semi
10falecido 
10salinizado 
10idratado
Treme. 

Tento 
       Soro
      iSotônico
Nadadiantando

Bus(c/p)orpoforça
Levantalimentar
10m(edo)aio
10arranjos
10espero

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tumores

Da primeira vez, logo que ao mundo vim.
Mal (havia) acabado de nascer. 

Ao meu lado, nem anjo ou querubim
Nem mesmo um demônio ousou crescer. 

Na segunda, me encontrei na selva escura
Onde começava a via da minha vida. 
Esta se achou no ardor perdida
E se queimou de dor ardida.

Na terceira,
O que foi perdido
E o que foi achado
Me des()encontrou traído
Pelo amor travado.

Na quarta,
para(noias me assolaram
com grossos coturnos 46 de bico largo
Mas foi pouco e não me massacraram.

Quantas vezes mais virão
Não me cabe saber.
(de virada ou de viés)
Só resta a certeza que sempre vou sobreviver.
Se isso é bom ou ruim
Não sei lhes dizer
E se soubesse 
Nada contava. 

Galeando


Ando por aí tentando galear como Eduardo.
Em cada razão a busca da injustiça
Em cada palavra a razão do amor
Em cada letra a palavra certa.

letra
    palavra
             amor
                    razão
É justo.

Ateísmo

Quando o médico lhe disser:
"Mesmo com medicamentos, você só tem uma sobrevida estimada de 6 meses."
Agradeça a seu deus. 

Quando seu chefe lhe dá férias, mesmo você sendo freelancer e garante seu emprego na volta.
Agradeça a seu deus. 

Quando você volta de férias e aquele mesmo chefe que lhe garantiu o trabalho lhe dispensa. 
Agradeça a seu deus. 

Quando você estiver na sua quarta série de quimioterapia tendo sobrevivido em quatro ano àqueles seis meses que o médico havia previsto. 
Agradeça a seu deus. 

Quando acabar esse tratamento e descobrir que virará uma cobaia humana, terá que fazer outro com medicamentos que podem fazer-lhe mais mau que bem sem perspectivas de cura. 
Agradeça a seu deus. 

Quando você descobrir que uma caixa do remédio que tomará custa o equivalente a três meses do seu  trabalho e dura uma semana. 
Agradeça a seu deus. 

Quando souber que para importar esse remédio terá que pedir mil permissões e autorizações nos órgãos competentes e que pode durar meses. 
Agradeça a seu deus. 

E quando você se tocar que está perdendo parte do prazer de viver por conta dessas coisas. 
Agradeça a seu deus. 

Sempre agradeça a seu deus. Sempre. 
Por que para o resto da humanidade reserve seu amor, dor, tristeza, carência. 

Big Bang Theory

E numa explosão de paixão
Explodiu o nada,
De repente, tornou-se tudo.
Até se tornar as estrelas e as constelações.

O Universo se esfria enquanto se expande,
Menos as estrelas que colocou no meu coração.