sábado, 2 de março de 2013

Ignorância

Outro dia uma amiga me pediu
Uma visão masculina
Para os males do seu coração.

Ignorei, não respondi.
Nada digo
Sobre algo que desaprendi.

Não foram anos de ignorância.
Bastou uma só dor muito grande,
Para encerrar a sapiência.

Por isso, se hoje me perguntam:

O que é o amor?
Digo que ele é rosa e tem espinhos.

Daonde vem o amor?
Digo quem de um sobradinho lindo
No alto de uma montanha.

Como se vive do amor?
Redigo que não se vive de sofrimento.

Como se esquece um amor?
Daí lembro do tempo...

Apequenar-se

É tempo de reduzir-me.
Refletir e recuperar.

Gulliver esteve em terras de pequenos com egos enormes
E esteve em terras de gigantes com egos maiores ainda.

Não sei se Lemuel ou Polegar,
Sei que preciso diminuir-me em mim mesmo
E nesse espaço gigante que sobrar
Encontrar.


sexta-feira, 1 de março de 2013

Arquitetura do amor

Imaginei viver o amor até o fim.
Mas na maioria das vezes
Só percebemos o fim
Depois do fim já ter passado.

Não digo o sentimento,
O amor perdura,
O amor dura, diamante que é.
Continua dentro da gente,
Ele volta e revolta para nos assombrar.
Até ser substituído ou destruído.

Digo do reino de sonho que esse amor constrói.
Um reino de dividir sonhos,
Esperanças,
Lutas,
Otimismos,
Dores e alegrias.

Digo do construir
Pontes, arcos, colunas, alicerces
E torres.

Não torres prisão,
Nem torres de vigilância.
Não torres de proteção.
E sim,
Torres de alcançar a linda lua que ilumina seu bem quando dorme.

E no final, não é um nem outro que destrói essa arquitetura.
Talvez por um deus cruel que não quer que aquele amor, como em Babel,
Alcance a mais pura divindade
Sendo sonho ou verdadeiro.

Talvez o erro seja usar muita paixão na argamassa.
Talvez o erro seja realmente não ter sonhado a arquitetura intrincada das relações humanas.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tempo II - Paragem

Saber quando parar.
Respeitar do outro, o tempo.
Deixá-lo respirar.
Acordar.

Como tudo na vida,
Mundo
Há sempre seu tempo
Necessidade.

Demorei para aprender.
Nem sei se aprendi.
Mas atento sigo
Mais atento não falo.
Ouço.

E tento deixar o amor tomar o momento do meu/outro.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Tempo I

Olhou para o calendário.
Olhou para a agenda sobre a mesa.
Olhou para o relógio do celular.
Olhou para as horas no computador.
Olhou para fora da janela para ver se a noite vinha.
Olhou para o estômago para ver se fome tinha.
Olhou no espelho as rugas que apareceram.
Olhou a escova para ver os cabelos brancos que apareciam.
Olhou para a foto da filha sobre a escrivaninha.
Olhou para as dores que vinham e iam.
Olhou para o tempo que passava e o atormentava.

Decidiu então abolir o tempo e deixar de envelhecer.

Olhou então para si mesmo e se viu jovem.