sábado, 1 de dezembro de 2012

Coletivo

Antes de dormir
Uma dúvida me assola.
Se de camelo,
Uma multidão é uma cáfila.
De lobo, uma matilha.
Quando os gigantes elefantes
Se agrupam em uma manada.
Por que acho estranho
Não achar coletivo
Para um grupo de musaranho?

Eu devo dizer:
"Observem aquele enxame de musaranhos em nossa direção!!!"
Ou ainda:
"Aquele perigoso cardume de musaranhos merece nossa atenção!!!"
Ou talvez meigamente enternecido olhar para uma turba de musaranhos e dizer:
"Que meigos são os musaranhos!!!"


As mãos da vida

Uma senhora negra de cabelos grisalhos presos em coque ao atravessar a rua de mão dada com seu neto, parou e olhou na direção em que vinha o carro.

O neto, de uns sete anos, aquela idade que fala tudo e não esconde nada, a advertiu de que ela tinha que ter olhado para os dois lados, que foi assim que ensinaram na escola.

A avó, depois de atravessados, disse que naquela rua não precisava pois era de mão única.


Eis que o menino, na altura da sabedoria de todas as molas da sua cabeça, disse com a mão na cintura:
"Vovó, a vida é que nem um polvo, tem muitas mãos. A gente nunca sabe por onde ela pode nos pegar!"

PÓS – ÉTICA


Estou farto do intelectualismo descabido
Do intelectualismo virtual
Do intelectualismo demagogo com seus compartilhamentos, likes e manifestações de louvor.

Estou farto do intelectualismo que vai averiguar no Google os significados desconhecidos.

Abaixo aos puristas
Todas essas palavras, extrangeirismos inclusive.
Todos os bordões repetitivos dos compartilhamentos ocos.
Todas as pretensas rimas e sabedorias inumeráveis.

Estou de saco cheio do intelectualismo sedutor
Politizado
Minguado
Aidético
De todo o intelectualismo que valoriza tudo o que seja fora de si mesmo.

De resto não é intelectualismo
É vômito de imagens e palavras de outros,
como uma máquina a copiar cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agravar e desagravar as opiniões.

Quero antes o intelectualismo sem padrão
O intelectualismo sem sentido
O intelectualismo duro e cru dos ranzinzas originais
O intelectualismo ridículo dos que simplesmente dizem “Bom dia!”

a partir da Poética de Manuel Bandeira.

Narizes

Temo-los todos:
Compridos,
Tortos,
Empinados,
Largos,
Pequenos,
Aduncos,
Redondos,
Inchados,
Vermelhos ou sardentos.

Quero-os todos
Em toda sua diversidade.

Quero o nariz de Cleopatra,
O de Jimmy Durante.
O nariz de Einstein e o nariz de Obelix.
Quero o nariz de Dustin Hoffman
E o nariz inexistente de Voldemort

Quero sobretudo o Nariz de Gogol.
O nariz livre e de vontade própria.
Para que todos os narizes sejam livros,
Livres como as orelhas de um livro.



Pai

Tristeza
Meu coração quase parado
Está chorando de saudades
A rápida lembrança não permitiu me aprofundar
Não me permiti afundar.

Estou com você na minha lembrança
Tentando compor
Tentando compô-lo
Ainda me assombra
Ainda me atrapalha

Ainda te amo meu pai...

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Não existe solidão,
Não existe abandono.
Existe estigmas.

Manchas a serem limpadas
Não é a distância
Nem o isolamento
Que mudará isso.

Mas aqui,
Sozinho,
Neste momento,
Choro.
Na ridícula esperança de te lavar definitivamente da mente.

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A lembrança daquele homem ainda me acompanharia por muito tempo. Ele pedindo ajuda calado olhando as pedras que o mar a cada onda engolia, mas eu longe ignorava o significado daquele anseio. Se atirou pobre homem nas facas dos ouriços encravados nas pedras. Perda.

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Quanto dor ainda não senti
Da morte do meu pai
A perda real de todo meus castelos.

“...Volta, dai lenitivo a minha dor...”

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O homem velho me observa
Assombra a sombra,
E o sapo coaxa logo ali...

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Sob a agitação do mar,
A vontade da saudade...
E essa sede que não me passa.

Brega

De todos os prazeres do mundo,
Só você é que faz gostoso.
Delírio do meu corpo,
Sabor maravilhoso.

Vem bailar comigo,
Sensualidade,
E no ritmo que toca
Toco então a sua boca.
Vem dançar comigo.
Deitado, de pé, tanto faz
Não importa como
O que importa com quem se faz.


Dedos

Dedo No Cu

- Querfazerofavor?
- Favor doquê?
- De tirar o dedo do meu cu.
- Ah! Pois não.
...
- Quer parar com isso???
- Já tirei o dedo o que mais cê quer...


altansiedade

quevontadeloucademeterfodercomvoce!!!!
deitarteaquinaminhacamaechuparatéouvirumúltimogritodetezão!!!
edepoisenfiarmeemticomtodoaforçaeveressasuavozesganiçadagritarpormais!!
Nofinalgozaremtodosteuburacostesujaresóentãobeijartuabocacomdesejocomoquemdesejariaalgoalguémnoúltimodiadahumanidade!

Posso?

Queria poder deitar minha boca nos teus peitos.
Só nos peitos. Posso?
Prometo que vou mordê-los
Juro que vou chupá-los
Admito que vou lambê-los
E se os lábios, os dentes e a língua não bastarem
Tenho minhas mão para acariciá-los a noite toda

Posso?

Do nada tão poético

Do nada tão poético,
Ao sublime do amor e da sedução,
As palavras foram fluindo,
Na direção do teus labios.

Sorvidas no redemoinho feroz
De um beijo de prazer.
Voltaram,
Voltaram na forma de um gemido.
Um gemido longo e profundo.

Foi como se estivessem fugindo
Uma a uma.
Lentamente.

Nessa mesma boca,
Junto ao gemido estava um sorriso.
Os lábios vermelhos e quentes
Os dentes brancos em contraste.

E a pele branca estrelada
Ao contato da mão,
Suspirava de fogo e paixão.

E aquela essa boca que roubava o fôlego,
Beijava o corpo,
Enquanto a mão embaralhava os pelos na outra boca.

O calor e o branco,
Com dedos e lábios,
O gemido e o vermelho,
Sem palavras, só gestos.
Entraram a volta,
Girar
Em um par de corpos.

Confusos, embriagados,
Apaixonados e inseguros,
Os amantes presos na torre,
Sonhavam voltar ao começo,
E se dedicar a só uma paixão.

Quem

Quem será que completará
Os vazios da tua existência?
Quem será que conseguirá
Explicar a sua (f)utilidade?
Quem será que te consolará
Na tua insigne tristeza?

Desvariando

Desvãos,
Desviados,
Desvario...

Como pode compreender o superficial,
Se no interior há tamanho vazio ?
E o amor que ali havia,
Para onde foi?

Não, não venha não
As canções não tem sentido
Só som.
Não, deixa pra lá.
Você só vai sofrer
Se machucar.
E ainda assim não vai entender o que é o amor.

Na penúria dos sentidos,
Mendigo um carinho,
Imploro um beijo,
Pra sonhar
Amor

Não, não parta ainda,
No fim será só canção.
E som...

Como poderíamos nos perder nestas linhas e conexões

Como poderíamos nos perder nestas linhas e conexões,
Querendo encontrar no delírio eletrónico.
Uma pessoa,
Uma verdade.

Talvez hajam alguns misunderstoods,
Mas as interpretações jamais falsas,
Incompletas, talvez...

Se me prendo a alguns detalhes
É porque me falta substância.
Em letras, codes e uncodes
Pouco se encontra ao que se apegar.

Portanto, cara caipirinha,
De vestido de xita
Com rendas e babado,
Fita vermelha no cabelo,
E toda ingenuidade,
Deixe este lobo velho
Sonhar
E se deixar levar pelas ondas deste monstro cibernético...

A carcaça está viva

A carcaça está viva. Viva!!!
A carne está sã. Glória!!!
Enapodridãodospodres
Há de definhar
Com o resto.
Se é que há sobras
Daquilo que se chama alma.

Dor, desespero e sofrimento.

Da dor de viver me veio a ideia

Da dor de viver me veio a ideia.
Da morte, de morte, do morto.
Cansado estou.
Angustiado demais.
O desespero é meu,
Todinho meu.

Pra me acabar,
Sem nada ter realizado.
Pra me destruir.
Destruir ? Não!!!
O desespero não pode destruir o que já está morto...
Só resta a carcaça
Só resta isso

A carcaça.

Cancele todos os sentimentos

Cancele todos os sentimentos,
Anule as idéias,
Delete seus sonhos.
No espaço cibernético
O inferno o queimará.

Não será deixado ileso
Um neurônio sequer.
Em um nó desta teia
A morte o espreitará

Espere pouco das Ajudas,
O assistente te trairá.
E no desespero das esperas
Suas idéias serão minhas.

Enfiou-lhe as unhas na carne...

Enfiou-lhe as unhas na carne e puxou,
Urrou de dor,
Uma dor absurda que quase o fez desfalecer.
O sangue que escorria, sujava o lençol
E ela como um bicho faminto lambia o pano.

Suas costas, em carne-viva, ferviam com a dor.
Vermelha, ela, a carne viva pedia que parasse.
Mas o bicho, excitado pelo cheiro de animal ferido fremia
Procurando a fonte de tanto sangue...

Molhado então acordo deste pesadelo para descobrir-me ferido, sujo e culpado do crime que meu coração cometeu...

Pornografia (Eufemismo n.º 1) - Um beijo

Eles se encararam como se fossem brigar. Mais uma vez! As brigas estavam freqüentes ultimamente. Olho no olho, brotava fogo dos olhos dos dois. Parecia que daquela vez eles chegariam nos finalmentes, com direito a porrada e palavrões. Chegaram bem perto um do outro. De repente, ela mordeu o lábio inferior dele. Mordeu com força, mordeu com raiva, mordeu com vontade. Nos olhos fechados dele se via a dor e na sua boca que escorria sangue um sorriso. Da mordida passou se ao beijo quase que por instantes. Parecia que todos aqueles momentos passados de fúria, frustração e traição. Tinham se resumido naquele beijo. O sangue na boca dele/dela se misturava a dentes, línguas e gengivas. Como o sangue escorria, a boca dela também escorria pelo rosto, com mordidas intensas no queixo, na testa, no nariz, na orelha, na nuca. Pairando sobre o peito manchado de sangue, sob os restos de uma camisa já em retalhos, ela começou a morder-lhe os pelo. A arrancá-los um a um. Ele, quase objeto, urrava de dor, ardor sem pudor. Quase objeto, mas não inerte, passivo mas não submisso. Motivado sabe-se lá pela dor ou pelo prazer, rasgou a roupa dela de uma só vez. Procurou-lhe o sexo com os dedos mas foi logo impedido pela mão dela. Mão que cravava as unhas no peito, no braço, no rosto, nas costas, em todo corpo. Mão que terminou de despi-lo. Mão que apertou-lhe os culhões com a força suficiente para fazê-lo gemer baixinho. De prazer, de tesão. Ele, novamente, procurou no que agarrar e foi prontamente impedido. Tentou peito, tentou cabelo, tentou buceta, tentou pernas, tentou cu. Fraco, debilitado se rendeu mais uma vez. Enquanto as mãos dela se ocupavam, a boca mais calma então engoliu com...

Trepada

Monta sobre mim.
...
Senta no meu pau
....
Deixa que ele te inunde de porra
.....
e depois lamba-o com essa sua boca de puta
...................................


Memes

Momento,
Mente,
O mento
Momo
Memento

Monte...



Pense!!!

Parafernália demente
Paranoicamente
Parada na mente
Partilhando
Paraísos
Pernósticos...

PENSE!!!!!


Não posso caro amor

Não posso caro amor.
Por mais que peças
Não posso.
Fazer sambas com rimas
Como queres e imaginas
Não posso.

Melodia e ritmo,
Cadência e balanço
E confesso que no íntimo
Eu quero um funk
Um jazz
Um minueto

Não me chame para ver o desfile
Nem o baile da TV
Nem as fantasias
Nem as bichas
Nem o Jamelão
Nem a Portela
Nem a Rosas de Ouro
Nem o carnaval da Bahia
Nem o carnaval de Olinda 
Não perca seu tempo
Me chame pra tua apoteose
Me chame pra tua praça
Me chame pra tua rua
Me chame pra ser tua mortalha
Me chame pro teu colo
Me chame pro teu seio
Me chame pro teu sexo
Que ai sambarei a noite toda
Com o ritmo marcado e cadenciado de nossos gozos






Será o samba?

Será que existe um samba que cante a dor que sinto agora?
Será possível haver um cantor para ele?
Que cante sem desabar,
Que cante sem chorar pela dor que sinto.

Com certeza seria um samba sincopado
Como bateu meu coração.
Um samba com os batuques que permeia a vida.