sábado, 24 de setembro de 2011

Estacionado

Enfiou a mão no bolso da calça jeans que acabara de tirar do armário. No fundo, em frangalhos, uma bola de papel lavada. Abriu e viu que era o bilhete do estacionamento da última vez que saiu com ela.
A lembrança tomou sua alma e a saudades ocupou o pensamento...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sorriso de canto de boca

Gustavo adorava encontrá-la com aquele sorriso. Era um sorriso tímido, quase infantil. O lado esquerdo da boca se levantava enquanto o outro se esforçava pra manter a compostura. A isso somava um olhar pra baixo que não encarava, mas quando encontrava os olhos de Gustavo, era de um brilho molhado que dizia: "Te quero."
Nesses encontros, os beijos, os abraços e os gemidos eram muitos. E pouco importava onde estivessem, numa cama, no sofá da sala, no carro em uma garagem. O que importava é que estivessem.
E nesse instante, os dois eram só amor.

Terça, 20 de setembro de 2011 às 09:37

Furacão

Ele apareceu como aparecem todos os furacões, em uma conjunção de pressão, temperatura e movimento dos ventos.
Coloquei o nome de Ana Lucia. Nunca entendi por que furacões são batizados, nem como e nem por que usam nome de mulher.
Quis me levar por várias vezes, mas me agarrei a tudo que era sólido e real. Quando eu achava que tinha ido embora, ele reaparecia e quase me levava. Na verdade, eu queria ir, voar, perder-me.
Mas eu sempre o via preso às nuvens e ao solo e dizia: "Não irá me levar a lugar algum a não ser ao meu fim."
Relutei e lutei.
Um dia ele se foi.
Nesse dia a falta das turbulências que ele causava bateu forte.
Nesse dia, aluguei um veleiro e fui procurá-lo. Se o acharei, não sei. Mas cá estou no barco rumo ao nowhere de alhures.

Terça, 20 de setembro de 2011 às 09:28