sábado, 5 de janeiro de 2013

Disco na vitrola

E o disco na vitrola tocava ao contrario a seguinte mensagem:

Kurt is dead, John. Kurt is dead.

John Lennon respondeu:

"So do I! So do I!"

Rock de Porto não tão alegre.

Alcançara o Nirvana quando de repente entendera o verso de Humberto Gessinger:
"Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão.. "
O problema era que Kurt Cobain já tinha partido.

Rock de Karman-Ghia (não de Brasília)

Sabia que o mundo estava acabando quando de sopetão lhe bateu a vontade de ouvir Capital Inicial.

Lavagem cerebral

A mão ensangüentada segurava os comprimidos. Tremia, excitado pela ideia de por um fim na vida.

Estava cansado de tudo.
Cansado de não ter mais esperança e só ter decepções.

O sangue manchava os comprimidos a ponto de conferir-lhe um gosto metálico na boca.

Engoliu de uma vez a constelação de capsulas azuis, amarelas, brancas, bicolores brilhantes.

Teve a preocupação de tomar os hipnóticos primeiro, que sobre a ação do álcool aceleraria o sono, enquanto os demais comprimidos faziam efeito.

Tomou dois goles de pinga direto da garrafa e deitou na cama, esperando que o sono viesse e o levasse embora.

Começou a devanear e nessa alucinação seu pai o chamava para perto dele.

Era como se nadasse em direção a ele.

De repente, sentiu canos serem enfiados pelo seu ânus e pela boca e nariz e uma enxurrada de água que quase o afogava.

Pensou ser ainda uma alucinação onde alienígenas faziam experimentos com ele.

Desmaiou.

Cinco dias depois acordou com dores na garganta e no cu. Pensou ter ido pro inferno onde o sodomizaram e obrigaram a engolir o pau dos demônios.

Olhou para os lados e viu cânulas e fios que saiam do seu corpo. Viu uma moça de jaleco azul, uma enfermeira, tentou chamá-la, quando escutou:
"É um infeliz que tentou suicídio, agora vai ficar como um vegetal para o resto da vida!"

Outra moça respondeu:
"Olha! Ele abriu os olhos, será que nos escuta!!"

A primeira enfermeira respondeu:
"Isso é só reflexo, esse aí tem menos percepção que um pé de cenoura."

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Tecnologia

Com a maquiagem carregada, os cabelos pretos recém-alisados, de calça jeans justa e a blusa preta diáfana, que permitia entrever o sutiã preto, Givanilda parecia pronta para impressionar.

Mas era a bolsa Louis Vuitton falsificada que ela demonstrava a sua luta em ser elegante e de bom gosto. Mas aquilo era tudo que podia com o salário de auxiliar de enfermagem.

Sentada num dos bancos do metrô, espremida entre duas falsas ruivas verborrágicas, Givanilda checava ansiosamente o celular a toda hora em busca de uma mensagem. O tagarelar caótico das moças Wellaton parecia ampliar essa ansiedade.

O foco no celular era tão grande que acabou por perder a estação. Quando percebeu, fez cara de quem acordava de um pesadelo. Afobada levantou-se e desceu na primeira estação que veio.

Sempre com o olho no celular, correu para tomar o trem de volta. Mas aquela estação não oferecia retorno. Ou saía e pagava outro bilhete para voltar. Ou pegava o trem do lado que estava e fazia o retorno na próxima estação. Isso tomaria mais de um tempo que ela parecia não ter.

As duas ruivas, que também desceram na mesma estação, puxavam suas malas com rodinhas e continuavam a tagarelar. Pareciam rir de Givanilda que tropeçou e quebrou o salto da bota de cano alto que usava. Apesar do desespero, segurou o choro para não estragar a produção.

Quando tocou o celular, assustou-se deixando cair o telefone de suas mãos. O aparelhou quicou até parar entre os trilhos do metrô.

Entrou em pânico e toda a sua elegância suburbana acabou desaparecendo quando Givanilda caiu de joelhos e começou a chorar.

E entre os trilhos o celular continuou a tocar até o barulho do trem abafar o som que tocava "I just call to say I love you..."

domingo, 30 de dezembro de 2012

O amor através do espelho


Olhou por um instante para ela e acreditou ver um reflexo de si.
Pelo menos era assim que queria que fosse aquele instante.

Ela nunca conseguiu aceitá-lo.
Nem sequer enxergá-lo como de fato era.
Ela tinha sempre suas definições definitivas a respeito dele.
E sua intolerância.

Ela não queria aceitar o amor dele.
Não enxergava a presença.
Desprezava os sentimentos dele.

E ele aquiesceu, como aceitam os que se sentem responsáveis por erros que cometeram no passado, e jamais foram perdoados.

Não compartilhavam a mesma opinião sobre o amor. Como podia ele querer que ela fosse o espelho dele.

Na verdade talvez ela o fosse.
Como todo reflexo, um reverso do que reflete.
Um contrário ou uma contrariedade.

E ele pensou nas diversas definições de amor e escreveu:

"Amar é também saber-se o outro.
Querer tocar a alma do outro.
E se solidarizar.

Não há amor sem compaixão, generosidade, gratidão ou humildade.

Amar é também vestir a pele do outro e sentir seus calores, dores, coceiras e arrepios.

Amar é necessidade.
Por isso a amo.
Não da forma que mo impõe, mas da única forma que sei fazê-lo."

Feliz Ano Novo


Eu quero desejar para você, Otavio Venturoli.

- Que o novo ano seja de muita paz. Cansado das turbulências do caminho.
- Que a sua saúde se aprume de vez. Não dê mais sinais de querer partir.
- Que não lhe falte emprego, trabalho nem dinheiro.
- Que todo amor que você tem seja correspondido, reconhecido e valorizado.
- Que a felicidade esteja presente em todos os seus dias.
- Que você esteja sempre perto de quem o ama de verdade.
- Que essas pessoas tenham um ano muito bom.
- Que a sua família, mãe, filha, irmãs, sobrinhos e quem mais vier recebam um ano sereno e feliz.

Feliz Ano Novo para você, Otavio e para todos os seus amigos.
Abraço e um beijo.

Parado

Eu sempre estarei parado em relação a mim mesmo.


Houve uma época em que eu viajava muito, sem me importar aonde dormir e o que comer.

Um dia, um amigo me perguntou por que não parava um pouco, por que viajava tanto.
Logo de cabeça me veio a cabeça a metáfora do tubarão, que não pode parar que morre.

Entretanto lhe respondi relativisticamente que partindo de que sendo eu o meu ponto de referência, não era eu que estava em movimento, mas o mundo.

E era o mundo que vinha até mim.

Nonsense da madrugada


Então o elemento virou para o delegado.

"O senhor tem fósforo???"

O delegado respondeu:
"Onde o senhor pensa que está para vir pedir fogo para mim. Ponha-se no seu lugar. E saiba que a tua batata tá assando."

Eis que o meliante respondeu:
"Eu sei. Só estou esperando o plin do microondas para ver se ela já está pronta."
"E o fogo, o senhor tem???"

Poemas em linhas eretas 1


‎"Nunca conheci quem tivesse levado porrada..."
Exceto os perdedores das lutas do UFC.

Poemas em linhas eretas 2


‎"Meus amigos sempre foram campeões em tudo..."
E eu torcendo pra rolar a quadra na megassena da virada.

O sentidos de amar


Para amar não basta só o sentimento.

É necessário paciência, abnegação, dedicação, interesse, resiliência, compaixão, gratidão, humildade, cumplicidade, reconhecimento e, sobretudo saber perdoar.

Bonito isso, né???

Então porque não pratica??

Das diversas definições de amor

Amar é também saber-se o outro.
Querer tocar a alma do outro.
E se solidarizar.

Não há amor sem compaixão, generosidade, gratidão ou humildade.

Amar é também vestir a pele do outro e sentir seus calores, dores, coceiras e arrepios.

Amar é necessidade.
Por isso a amo.
Não da forma que mo impõe, mas da única forma que sei fazê-lo.

Reflexos da manhã

As manhãs! Ah, as manhãs!

O momento mais profundo dos meus pensamentos.
O momento em que se determina qual caminho meu humor irá tomar.

Por que me acordam tão cedo?
Por que não chegam para trazer sorrisos?
Por que, de dor, são os instantes mais pungentes?

Nunca é a noite a me trazer melancolias.
A noite sempre me parece o porto seguro do fim do dia.

As manhãs deviam trazer esperanças, possibilidades e potencialidades.
Mas ela só traz o medo de um dia sozinho e triste.

Mas é do homem mudar o rumo das coisas.
Criam-se canais, mudam cursos de rio.
Rasgam a própria palma da mão para construir uma nova linha da vida.

Portanto caberá a mim, não às manhãs, fazer deste dia um dia bom.