domingo, 30 de dezembro de 2012

O amor através do espelho


Olhou por um instante para ela e acreditou ver um reflexo de si.
Pelo menos era assim que queria que fosse aquele instante.

Ela nunca conseguiu aceitá-lo.
Nem sequer enxergá-lo como de fato era.
Ela tinha sempre suas definições definitivas a respeito dele.
E sua intolerância.

Ela não queria aceitar o amor dele.
Não enxergava a presença.
Desprezava os sentimentos dele.

E ele aquiesceu, como aceitam os que se sentem responsáveis por erros que cometeram no passado, e jamais foram perdoados.

Não compartilhavam a mesma opinião sobre o amor. Como podia ele querer que ela fosse o espelho dele.

Na verdade talvez ela o fosse.
Como todo reflexo, um reverso do que reflete.
Um contrário ou uma contrariedade.

E ele pensou nas diversas definições de amor e escreveu:

"Amar é também saber-se o outro.
Querer tocar a alma do outro.
E se solidarizar.

Não há amor sem compaixão, generosidade, gratidão ou humildade.

Amar é também vestir a pele do outro e sentir seus calores, dores, coceiras e arrepios.

Amar é necessidade.
Por isso a amo.
Não da forma que mo impõe, mas da única forma que sei fazê-lo."