segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

João do Umbu

João acreditava em fazer tudo certo. Sabia que era tosco e limitado. Mas tinha a esperteza da vida de saber que de tudo de um pouco fazia.
Mas pra sua mulher, Maria, tudo em João era torto. Se era rosa que ela queria lhe dava crisântemo. Se era licor de jenipapo era de cumbui que ele fazia. Nadica de nada que João fizesse tava certo.
A roça do Antenor era mais viçosa, dava mais milho.
A vaca do seo Noquinha paria que era uma beleza e dava mais de 10 litro de leite por dia.
Nada que Joao fizesse prestava.

Daí, João adoeceu. Daquelas maleitas que enfraquece o corpo e o esprito do home.
Mas Maria não parou um cadinho de reclamar. Tanto reclamava que nem se dava ao trabalho de ir lá ver se ele estava bem ou carecia de argo.
Claro que João, homem de não dar fastidio a ninguém, dizia não carecer de nada.
E foi de tanto reclamar que Maria esqueceu dele lá, mofinandi, afinar João não faria mais nada pra ela, agora que tava de cama.
Nessa Joao morreu, de tào definhado que tava, virou semente.
Mas Maria nem se apercebeu.
Também não percebeu que da donde o finado desapareceu brotou um pé de umbu.
E esse pé cresceu grande e forte. E na primeira frutada era tanto umbu que veio gente de todo lugar pra ver.

Foi então que Maria, dona do pé de umbu quis experimentar. Era dela o umbuzeiro mais bonito da vila. E ela que tinha que ser a primeira. Pegou um fruto verde e tascou-lhe uma beiçada.
Pela cara pareceu travar na boca. Amarrar na língua. Foi então que ela exclamou:
"Esse merda do João nem pra defunto serve pra nada."
A tar da Maria se encarregou de mandar cortar a arvore. Acabando de vez com o seo João do Umbu